RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O conselheiro Domingos Brazão, do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio de Janeiro, disse nesta quinta (15) ao irmão, o deputado Chiquinho Brazão, que ambos tem “a força da verdade”, em referência às acusações de encomendarem a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).
A breve manifestação ocorreu na sala virtual durante audiência na ação penal a que respondem no STF (Supremo Tribunal Federal).
“Temos a força da verdade”, disse Domingos com mãos erguidas ao irmão assim que se viram no ambiente virtual.
O conselheiro está na penitenciária federal de Porto Velho (RO), enquanto o deputado está na de Campo Grande (MS).
O deputado também pareceu se emocionar ao ver na sala virtual a imagem de familiares, que acenaram ao acusado. Ele teve de deixar a sala do presídio para se recompor.
A interação ocorreu antes do depoimento do delegado Guilhermo Catramby, responsável pelo relatório final da Polícia Federal sobre o caso.
Catramby prestou depoimento por dez horas entre terça-feira (13) e esta quinta, no STF. Ele reafirmou a convicção de que os irmãos tinham interesse na morte da vereadora em razão das divergências políticas com o PSOL acumuladas nos anos anteriores, associadas à atuação de Marielle contra as ocupações irregulares de milicianos.
O delegado também afirmou que os delegados Rivaldo Barbosa e Giniton Lages obstruíram as investigações. A ausência de alguns atos de apuração, segundo ele, impediram a colheita de provas que pudessem corroborar a delação do ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora.
Todos negam envolvimento no crime.
Catramby afirmou ainda que Domingos Brazão só se tornou alvo concreto de investigação durante o período em que a PGR (Procuradoria-Geral da República), sob comando da procuradora Raquel Dodge, se articulava para pedir a federalização do inquérito, no segundo semestre de 2019.
“Pudemos verificar o contexto em que essa devassa foi realizada. O primeiro ato foi em setembro de 2019. Nós estávamos num período tenso das investigações, quando a PGR já se movimentava para um IDC [incidente de deslocamento de competência]. A partir disso, o delegado Daniel Rosa representa por algumas medidas contra Domingos e Chiquinho”, disse Catramby.
“Esse esforço investigativo cessa em maio de 2020, quando o STJ julgou improcedente o deslocamento de competência. A partir disso, a DH retoma a linha de investigação o ex-vereador Cristiano Girão, eventualmente associado ao ex-vereador Jerominho.”
Apesar da fala, Catramby disse não haver indícios contra Daniel Rosa, delegado que assumiu o caso após a prisão de Lessa e Élcio Queiroz e a subsequente saída de Giniton do caso.
Redação / Folhapress