PORTO ALEGRE, RS E CURITBA, PR (FOLHAPRESS) – A Defesa Civil de Santa Catarina contabiliza 132 municípios com registro de algum tipo de ocorrência em razão da chuva intensa que atinge diferentes regiões do estado desde a semana passada. Destes, 67 declararam situação de emergência.
A maior preocupação é com os municípios da região do Alto Vale do Itajaí, em que a água do rio Itajaí-Açu chegou a 12 metros, superando o limite das barragens e alagando áreas rurais e urbanas.
Na manhã de domingo (8), o fechamento de uma das barragens da região resultou em confronto entre indígenas e policiais militares, com dois indígenas feridos.
A Barragem de José Boiteux, construída em 1992, é a maior do estado, e resguarda a região de Blumenau das águas do rio Itajaí-Açu. Ela estava aberta em razão de conflitos por ter sido construída dentro da terra indígena Laklanõ Xokleng, demarcada legalmente, e seu uso provoca alagamentos na comunidade local.
Segundo o boletim mais recente do Corpo de Bombeiros de SC, da manhã desta segunda (9), nos últimos dois dias 296 bombeiros realizaram 311 atendimentos e 57 municípios -destes, 197 foram no Alto Vale do Itajaí.
Desde terça (3), quando começou a chover com força no estado, já foram mais de 700 atendimentos. Duas pessoas morreram, uma em Rio do Oeste (SC) e outra em Palmeira (SC).
Um dos municípios mais atingidos foi Taió, de 18.318 habitantes, em que uma barragem com capacidade de reter 83 milhões de metros cúbicos de água não foi o suficiente e, desde a madrugada de domingo, passou a verter água em direção à cidade.
Na zona urbana, o acúmulo d’água chegou ao segundo andar dos imóveis. Nos últimos sete dias, choveu mais de 220 milímetros sobre o município, 83,4 milímetros no último domingo.
Pela manhã desta segunda, os bombeiros ampliaram a força-tarefa na cidade para retirar pessoas ilhadas com uma aeronave. Outras seis equipes atuam na região por terra. Em Rio do Campo, também no Alto Vale do Itajaí, uma mulher de 26 anos em trabalho de parto precisou ser transportada de helicóptero para um hospital em Rio do Sul.
Segundo o serviço de meteorologia da Defesa Civil de SC, a aproximação de um sistema de alta pressão vindo do Rio Grande do Sul favorece a melhora gradativa das condições do tempo em SC ao longo do dia, mas ainda há possibilidade de chuvas fracas a qualquer hora do dia, sobretudo no litoral. O risco ainda é alto para deslizamentos, em decorrência dos volumes registrados nos dias anteriores.
A chuva retorna ao estado na quarta (11) e quinta (12), principalmente nas regiões oeste, Planalto Sul e Litoral Sul, que ficam próximas à divisa com o RS, com chances de novos temporais. Na sexta (13), o tempo volta a ficar firme.
No Rio Grande do Sul, o município de Iraí, que fica na região do Alto Uruguai na fronteira com o oeste de SC, decretou emergência em razão da cheia do rio Uruguai. O rio chegou a 13 metros acima do nível normal e inundou também um dos seus afluentes, o rio do Mel, desalojando 100 famílias. Nesta segunda, porém, os dois rios recuaram quatro e cinco metros, respectivamente.
No Paraná, as chuvas que caem desde o dia 3 já deixaram 3.035 casas danificadas, de acordo com boletim da Defesa Civil do estado. São 54 municípios atingidos e 1.581 pessoas fora de suas casas. Os fortes ventos também deixaram 32 mil consumidores sem energia elétrica durante a segunda, segundo a Copel (Companhia Paranaense de Energia).
A região central, Sul, Centro-Sul e Campos Gerais registraram os maiores estragos no final de semana.
As chuvas também causaram destruição em rodovias estaduais. Na Estrada da Graciosa, via histórica que liga Curitiba ao Litoral, a circulação de carros segue proibida durante o período da noite.
Com o aumento da vazão dos rios, as três grandes hidrelétricas da Copel no rio Iguaçu tiveram comportas abertas no final de semana e seguem vertendo nesta segunda.
CAUE FONSECA E CATARINA SCORTECCI / Folhapress