RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Após um ano desafiador para o sistema elétrico brasileiro, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) avalia que as chuvas de novembro ajudaram a recuperar os reservatórios de hidrelétricas e garantem um verão sem surpresas no abastecimento de energia no país.
As regiões Sudeste e Centro-Oeste, consideradas a caixa d’água do sistema elétrico brasileiro, terminaram o mês com 43% de sua capacidade de armazenar energia, três pontos percentuais acima do mês anterior.
A expectativa, diz o diretor-geral do ONS, Márcio Rea, é que três dos quatros subsistemas energéticos brasileiros fechem o ano com níveis de armazenamento acima de 40%: Sudeste/Centro Oeste com 48,7%, Nordeste com 46,8% e Sul com 60,5%.
O Norte, afetado pela seca severa na Amazônia, ainda fechará o ano abaixo desse patamar, segundo as projeções, com 38,3% de sua capacidade de armazenamento de energia.
A seca gerou no setor temores de dificuldade de atendimento aos períodos de ponta de consumo no início da noite, quando a geração solar deixa de contribuir e o ONS precisa recorrer a hidrelétricas e térmicas para garantir o suprimento.
Com a precipitação acima da média no início do período chuvoso, diz o operador, o sistema tem condições de enfrentar o aumento do consumo provocado pelas elevadas temperaturas do verão.
“O sistema hoje tem recursos tanto para o atendimento energético quanto o de ponta”, diz o diretor de Operação do ONS, Christiano Vieira, em encontro com jornalistas na sede da entidade, no Rio de Janeiro.
As projeções do operador indicam que, se as chuvas de verão ficarem dentro da média histórica, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro Oeste terminam o período chuvoso, em maio, com 88% da capacidade de armazenar energia.
No pior cenário, a 70% da média histórica, chegariam lá com 41% da capacidade, seis pontos percentuais acima do verificado no mesmo período em 2021, ano da última grande crise do setor elétrico brasileiro.
Com a melhora na situação de curto prazo, o ONS foca agora em garantir a segurança do atendimento à ponta a médio e longo prazos, principalmente diante da perspectiva de crescimento da geração solar nos próximos anos.
O operador recomendou ao governo leilões de reserva de capacidade de energia para ampliar a potência disponível após o pôr do sol e de baterias para armazenar o excedente de geração solar no final da manhã.
O diretor-geral do ONS defendeu ainda, nesse sentido, a conclusão das obras de Angra 3, cujo destino foi mais uma vez adiado pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética). O projeto precisa de R$ 23 bilhões em investimentos
“É melhor concluir do que desmobilizar”, disse Rea. “É uma usina localizada no centro de carga do Sudeste, traz maior segurança para o sistema e o preço é muito mais barato do que térmicas que temos”, argumentou.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress