SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Câmara dos Vereadores de São Bento do Sapucaí (173 km de São Paulo) aprovou um projeto de lei para dar o nome do líder integralista Plínio Salgado a um dos portais de acesso ao município, uma estância turística na serra da Mantiqueira. A prefeita Ana Catarina (PP) sancionou o texto, que se transformou em lei em 5 de junho.
O portal deverá ser enfeitado com um busto do escritor, que foi retirado de uma praça da cidade em 2018.
O vereador Antonio Cláudio Domingues, o Timbé (PSD), foi autor do projeto de lei. Na justificativa, ele escreve que se trata de render homenagem “a personalidade de grande destaque, filho de nossa São Bento”.
Durante sessão na Câmara, o vereador leu uma pequena ficha a respeito de Salgado, ressaltando que foi um “combatente do comunismo, conservador católico, defensor de valores da família –Deus, pátria e família”.
Salgado nasceu em São Bento do Sapucaí em 22 de janeiro de 1895. Após encontro com o líder fascista Benito Mussolini na Itália, em 1932, ele criou o integralismo, um movimento de extrema-direita caracterizado por um nacionalismo autoritário, defesa de valores religiosos e tradicionais e rejeição da democracia liberal.
Os deputados federal Luciene Cavalcante e estadual Carlos Giannazi, ambos do PSOL, apresentaram uma ação popular à Justiça em que pedem a suspensão da lei, sob o argumento de que ela contraria a Constituição, o Estatuto da Igualdade Racial e a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, da qual o Brasil é signatário.
Na peça, eles mencionam artigos que afirmam que o poder público tem que promover o bem de todos, sem quaisquer formas de discriminação, e deve proibir e punir todos os tipos de preconceito.
Os parlamentares também pedem a retirada de uma estátua em homenagem ao bandeirante Capitão Gaspar Vaz da Cunha, vulgo Jaguara, da entrada da cidade.
GUILHERME SETO / Folhapress