SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cientista britânico Jim Skea foi eleito o novo presidente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU). Por 90 votos a 69, ele derrotou em segundo turno a matemática brasileira Thelma Krug -que, se eleita, seria a primeira mulher e a primeira representante da América Latina a ocupar o cargo mais alto da instituição.
Skea é professor de energia sustentável no Imperial College London e co-presidiu o relatório sobre soluções climáticas na última rodada de publicações do IPCC.
Agora, ele chefiará o próximo ciclo de pesquisas do órgão, que é a mais importante referência em ciência climática do mundo. O mandato deve durar de cinco a sete anos, durante a década que é considerada crucial para frear a crise do clima.
Krug atua no IPCC desde 2002 e sua candidatura foi lançada pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro em abril. Ela trabalhou por 37 anos no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), até se aposentar em 2019.
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança Climática) acompanhou eleição, liderando a comissão brasileira do Itamaraty na 59a sessão do IPCC, em Nairóbi, no Quênia.
Em discurso na última terça-feira (25), Marina defendeu a candidatura de Krug, chamando-a de “cientista renomada” e afirmando que o nome da pesquisadora foi lançado em um contexto de “renovado compromisso e senso de urgência” do governo brasileiro.
Em um comunicado, Skea disse que se sente “profundamente honrado” com a escolha e agradeceu à Krug e aos outros dois candidatos (a sul-africana Debra Roberts e o belga Jean-Pascal van Ypersele) por suas campanhas “positivas e acadêmicas”.
O britânico substituirá o economista sul-coreano Hoesung Lee na presidência do órgão. Na abertura da sessão, ele expressou confiança de que a nova chefia “elevará ainda mais o nível” do trabalho do IPCC.
A diretora-executiva do Programa Ambiental das Nações Unidas, Inger Andersen, destacou que o mundo sobre o qual o IPCC alertou repetidamente é, agora, a nossa realidade: com recordes de calor constantes, secas, oceanos ameaçados e tempestades destruidoras de infraestrutura, enquanto a esperança de manter o aquecimento global abaixo de 1,5° C desaparece rapidamente.
Redação / Folhapress