SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ideia de que humanos já teriam causado um impacto suficiente para marcar uma diferença geológica no planeta está mais perto de se concretizar. Nesta terça-feira (11), um grupo de geólogos vai apresentar sua sugestão de ponto de referência para o Antropoceno, o chamado “golden spike”.
Esse ponto será usado para comparar as diferenças entre os sedimentos e, no caso do Antropoceno, concentrações distintas de poluentes produzidos pela atividade humana.
Em relação ao tempo, o marco mais aceito até o momento pelos pesquisadores é o dos anos 1950. O período tem sido sugerido, após mais de uma década de debates, por causa do aumento, em escala mundial, da produção industrial e da elevação do consumo, além de testes nucleares que espalharam partículas plutônio pelo mundo.
Como o plutônio não ocorre naturalmente nessas quantidades, identificar sua presença no fundo de lagos, por exemplo, é visto como um bom referencial para estudos.
Esse marco temporal é proposto para retratar a passagem do Holoceno -até agora tido como a nossa época geológica atual, iniciada período da última glaciação, há 11,7 mil anos- para o Antropoceno.
As muitas localidades possíveis para o “golden spike” foram sendo gradativamente reduzidas, até sobrarem nove, que incluem lagos, gelo no Ártico ou corais. Os últimos, por exemplo, seriam bons candidatos porque seu crescimento é anual, e permitiriam a visualização também anual da mudança de partículas.
Definir uma época parte de evidências científicas, mas há também uma dimensão simbólica nessa decisão. Segundo especialistas, ela pode ajudar a promover reflexão sobre como queremos lidar com um planeta que está sofrendo efeitos de mudanças climáticas e um aquecimento generalizado, por exemplo.
Outro ponto de atenção é como a nossa “pegada” sempre vai se manifestar no planeta. Mudar as matrizes de energia para reduzir o uso de combustíveis fósseis também terá um impacto relevante no planeta.
O processo não termina nesta terça. Após a apresentação da proposta, a sugestão do AWG (sigla em inglês para o Grupo de Trabalho do Antropoceno) precisa ser validada pela Comissão Internacional de Estratigrafia, antes de ser votada na União Internacional de Ciências Geológicas.
Para a nova época ser aprovada, é necessário haver ao menos 60% de aprovação em cada instância.
Redação / Folhapress