CineOP tem animações e debate a preservação da filmografia brasileira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em 2006, na terceira edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, a organizadora Raquel Hallak enfrentou uma dificuldade. Fez uma eleição com críticos, que escolheram três filmes a serem exibidos no festival mineiro. Dois deles, de Glauber Rocha, foram tão difíceis de localizar que ela chegou à conclusão de que não ia conseguir exibi-los.

“Quando me vi nessa situação, pensei, ‘temos que discutir isso'”, ela diz. “Mas não dá para ser na Mostra de Tiradentes. Vou ter que criar um outro evento em que isso seja o assunto principal -a preservação. Daqui a tantos anos, como as pessoas vão poder conhecer o cinema brasileiro?”

Sob esta premissa, Hallak, com sua empresa, a Universo Produções, criou a CineOP, a Mostra de Cinema de Ouro Preto, que esta semana chega à sua 19ª edição. Além de “dois congressos dentro de um festival”, como ela diz, para tratar da preservação e da relação entre os filmes e a educação, o evento destaca a produção de animações no Brasil.

A programação gratuita da mostra conta com 153 filmes, vindos de sete países e 18 estados brasileiros. Além dos eventos presenciais na cidade mineira, o festival tem sessões na plataforma da mostra e no streaming Itaú Cultural Play.

Os filmes selecionados foram divididos em subcategorias -são seis ao todo. Na Mostra Preservação, o destaque é “Uma Vida para Dois”, de 1953, dirigido por Armando de Miranda, roteirizado por Sérgio Britto e produzido por Mário Civelli. Além de celebrar o centenário de Civelli, cineasta italiano radicado no Brasil, há um elemento didático.

“É um filme que foi todo restaurado. A gente vai exibir a cópia restaurada”, diz Hallak. “E no dia seguinte vamos ter uma apresentação mostrando como foi todo o processo de restauro. Dá para ter uma noção bem ilustrativa de como ele estava e as possibilidades de se tornar um novo filme e de o público ter acesso a ele.”

A mostra Histórico, a mais popular da CineOP, joga os holofotes no cinema de animação do Brasil. Segundo a organizadora, o trabalho da curadoria foi dar uma perspectiva da história deste gênero no país, resgatando diretores pouco conhecidos, discutindo as mulheres e a produção de Minas Gerais na animação. São 53 filmes neste segmento.

Uma das sessões da CineOP terá a exibição de seis curtas animados que fazem um percurso histórico. Entre eles, estão “A Saga da Asa Branca”, de Lula Gonzaga (1979), “Até a China” (2015), de Marão, passando por “Castelos de Vento” (1999), de Tania Anaya, e “Passo” (2007), de Alê Abreu.

Abreu, aliás, é tema de uma retrospectiva, com a exibição de seus três longas animados. São eles “Garoto Cósmico”, de 2007, “O Menino e o Mundo”, de 2014 -este, indicado ao Oscar-, e “Perlimps”, de 2023.

Já a mostra Contemporânea destaca dois documentários sobre figuras históricas do cinema nacional -“Othelo, o Grande”, de Lucas H. Rossi dos Santos, que retrata o ator mineiro Grande Otelo, e “Peréio, Eu te Odeio”, de Allan Sieber e Tasso Dourado, sobre o ícone rebelde Paulo César Pereio, morto neste ano.

Esta CineOP, afirma Hallak, é também a primeira mostra de cinema do país a discutir o uso da inteligência artificial na preservação de filmes. “Vamos começar a ter esse debate, que já é uma realidade, e no qual o Brasil está bastante atrasado”, ela afirma.

19ª CINEOP – MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO

Quando Até 24 de junho

Onde Centro de Convenções – r. Diogo Vasconcelos, 328, e praça Tiradentes, Ouro Preto (MG), ou online em cineop.com.br e itauculturalplay.com.br

Preço Grátis

Link https://cineop.com.br/

LUCAS BRÊDA / Folhapress

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