Cláudio Castro defende dificultar progressão de pena

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou nesta segunda-feira (11) defender mudanças nas regras de progressão de regime de condenados por crimes graves. Ele afirmou que os presidiários devem ficar tempo suficiente na cadeia para “a cabeça virar uma ervilha”.

“Não sou a favor do aumento de pena. Não é encarcerando as pessoas que se resolve. Mas [mudar] a progressão de pena é fundamental. […] Nos países que resolveram, é ficar 5, 6 anos sem ver ninguém. É a cabeça virar uma ervilha mesmo. Aí você passa a ter medo do Estado. Hoje vale a pena um garoto pobre ficar na fila do crime”, disse o governador.

Castro deu a declaração durante um almoço de fim de ano com jornalistas. Ele fez um balanço dos investimentos em segurança pública, mas criticou o envolvimento de ex-presidiários em crimes de repercussão no Rio de Janeiro.

Ele mencionou os acusados pela morte do estudante Gabriel Mongenot, 25, fã da cantora Taylor Swift esfaqueado na praia de Copacabana. Um deles havia sido preso no dois dias antes após furtar uma loja de doces e liberado durante uma audiência de custódia no dia anterior ao homicídio.

“O cara foi preso dia 17, solto dia 18 e matou dia 19. Cinquenta e cinco vezes detido já. A polícia tem seus problemas? Tem. Mas não é só segurança pública, não é só feito pela polícia”, disse ele.

Ele também mencionou o assassinato dos três médicos num quiosque da Barra da Tijuca. Segundo a apuração, um deles foi confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, que estava em liberdade condicional e foi preso três semanas depois do crime.

“Na questão dos médicos, o tal do Taillon tinha sido condenado por cortar a cabeça do outro, pegou oito anos. Com dois anos ele estava em casa, e dois anos depois na rua. O crime compensa. […] Tem a famosa fila. Você é preso, a facção te segura financeiramente, dois, três anos, depois você está de volta comandando. Vale a pena a fila”, disse ele.

Castro demonstrou expectativa com o início da operação do projeto de videomonitoramento urbano, a partir de câmeras privadas e públicas integradas no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle).

O plano contará com o uso de reconhecimento facial, tecnologia que tem sido questionada no mundo em razão dos erros em sua aplicação e o viés racial detectado em experiências anteriores —identificações errôneas são maiores entre a população negra, apontam estudos. O teste será feito durante o Réveillon em Copacabana.

“Agora, com o 190 centralizado, nós estamos começando a usar todas as câmaras, inclusive de condomínios, shoppings, prédios, para que a gente consiga esse sonho que é o monitoramento total do Rio de Janeiro.”

ITALO NOGUEIRA / Folhapress

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