SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O adiamento do CNU (Concurso Nacional Unificado) deu aos candidatos um tempo extra para se preparar para o maior concurso público do Brasil. Mas como administrar esse prazo a mais e garantir o aproveitamento do que já foi estudado?
A nova data para a seleção, marcada para 18 de agosto, é a chance para que participantes criem um fluxo de estudo que aborde conteúdos novos e aqueles que ainda precisam ser melhorados, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Previsto para 5 de maio, o “Enem dos Concursos” foi adiado devido as chuvas no Rio Grande do Sul.
O CNU tem 6.640 vagas em 21 órgãos ligados ao governo federal. As provas serão aplicadas em 228 municípios de todo o país.
O cartão de confirmação de inscrição do CNU, com os detalhes sobre locais de provas, será divulgado em 7 de agosto, segundo o MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos), e estará disponível na área do candidato. O cronograma completo ainda não foi divulgado.
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QUAIS AS DICAS PARA NÃO ESQUECER O QUE JÁ FOI ESTUDADO?
Não existe uma fórmula perfeita de estudo que funcione para todo mundo. Fatores sobre o progresso dos estudos e se há ainda conteúdos a serem apreendidos podem alterar a tática para aproveitar o tempo que falta até a prova.
Eduardo Cambuy, especialista em produtividade e aprendizagem e professor do Gran Cursos, afirma que, neste momento, a forma de estudo não tem que ser engessada, mas planejada para melhorar a performance do candidato.
“O importante nesse momento é fechar o que falta [ser aprendido] e revisar os itens dos eixos relevantes para o cargo escolhido. Para isso, é preciso criar um sistema de estudos fluido que permita o retorno constante aos conteúdos apreendidos até o dia da prova.”
Ceres Rabelo, mestre em direito e especialista em cursos preparatórios para concursos, diz que é preciso manter um ritmo constante nos estudos atrelado a um processo que permita revisões, como fazer simulados, por exemplo.
“A resolução de questões da banca organizadora permite colocar em prática o que foi apreendido, entender o funcionamento da prova e o que é cobrado por ela, assim como avaliar quais as disciplinas que o candidato tem dificuldade.”
A Fundação Cesgranrio é a banca responsável pela organização.
Bruno Bezerra, especialista em concursos públicos do Estratégia Educacional, reforça que a importância da revisão na fixação de informações na memória para garantir o maior número de acertos.
“É comum querer revisar conteúdos dos assuntos que já são dominados, mas não há margem de crescimento nisso. O foco deve ser justamente em assuntos que ainda não estão tão bem consolidados na mente do candidato.”
Ele acrescenta que os eixos temáticos mais pesados devem ser o foco, por terem mais peso dependendo do cargo escolhido, sendo que uma questão errada pode ter maior peso na correção e levar a desclassificação.
COMO CRIAR UM PLANO DE ESTUDO PARA A RETA FINAL?
Uma rotina organizada é o primeiro passo para um plano de estudo ideal. Bezerra afirma que é importante a organização do tempo para estudar, separando uma quantidade de horas por dia para isso.
“Não se pode deixar de avançar em conteúdos novos durante esse tempo extra, principalmente dos conteúdos dos blocos temáticos, que podem ser objeto de cobrança na prova discursiva. Por isso é fundamental separar metade do tempo para avançar em conteúdos novos e a outra metade para revisões”, diz ele.
Identificar os principais temas do edital referente ao bloco temático do candidato e fazer um controle dos conteúdos para o progresso em cada tema, segundo Cambuy, é uma das formas para garantir uma performance.
“É importante, mesmo se for através de uma planilha, a verticalização dos assuntos que foram e devem ser estudados. O ideal é que o candidato tenha no mínimo 70% de domínio sobre um tema antes que possa avançar nos estudos.”
O ambiente de estudo também é importante para um rendimento melhor até a chegada da prova, sendo ideal um local livre de distrações, afirma Rabelo.
“Como você interage com material de estudo também importa. Por exemplo, imprimir e fazer anotações durante os estudos, o que aumenta a fixação do conteúdo, já que a tela do computador é exaustiva com o uso contínuo.”
QUANDO PARAR DE ESTUDAR PARA O CNU?
É importante usar o tempo extra para estudar e revisar, garantindo a melhor performance no dia da prova, mas também é necessário saber a hora descansar.
Equilíbrio é fundamental conforme a “linha de chegada” se aproxima, destaca Cambuy, não adiantando estudar todos os momentos disponíveis e colapsar antes da prova.
“É preciso controle para fazer esse tipo de prova, porque, querendo ou não, participar dessas seleções te leva naturalmente a um desequilíbrio, mas é preciso saber gerenciar isso para evitar problemas.”
Não existe uma dica única para todos os candidatos, autoconhecimento é necessário para saber quanto tempo de descanso é necessário para saber se consegue ir até final da prova.
Bezerra afirma que caso o candidato queira continuar os estudos na última semana antes do concurso, o foco deve ser revisão e não conteúdos novos.
“Tentar aprender conteúdos novos pode acabar gerando muito mais estresse, principalmente se forem conteúdos difíceis. Então, a dedicação garante que as informações já estudadas estejam na memória de curto prazo.”
No entanto, ele afirma que mesmo que o aluno não queira parar até o último minuto é importante saber parar e descansar para a prova que ocupa os períodos da manhã e tarde do dia 18 de agosto.
Rabelo acrescenta que é preciso tirar um tempo para cuidar das preparações para realizar o concurso, como confirmar o local da prova e informações sobre a realização dela.
“É muito importante para dar tranquilidade ao candidato. É normal chegar na véspera da prova e ficar nervoso, mas, na última semana, o candidato tem que ir entrando num clima de relaxamento, tanto mental como físico, principalmente se ele fez tudo o que podia.”
PATRICK FUENTES / Folhapress