SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A coalizão de esquerda do presidente do Chile, Gabriel Boric, sofreu uma derrota parcial nas eleições locais que terminaram neste domingo (27) votação que é considerada um termômetro para o pleito que definirá o próximo líder do país sul-americano, no ano que vem.
Com apuração de quase 100% das urnas na manhã desta segunda-feira (28), a coalizão Contigo Chile Mejor, que abriga a Frente Ampla, partido do governo, conseguiu 111 prefeituras das 345 em disputa, contra 122 que serão ocupadas pela Chile Vamos, grupo representante da direita tradicional.
Isso significa que a coalizão no poder perdeu 40 prefeituras, enquanto a principal coalizão da oposição ganhou 36 uma vitória menos expressiva do que se esperava.
Mais de 15 milhões de pessoas estavam registradas para votar nas eleições, que aconteceram em dois dias devido ao grande número de cargos em disputa além dos prefeitos, os chilenos definiram vereadores, governadores regionais e representantes regionais.
Foi também a primeira eleição desde a reforma constitucional que instituiu o voto obrigatório, em 2022. A participação aumentou em relação às últimas eleições locais, em 2021, quando pouco mais de 43% dos eleitores se dirigiram às urnas. Desta vez, a taxa de participação foi de 89,28%, mas votos nulos e brancos somaram 10,7%.
“No geral, a coalizão governista perdeu um número importante de municípios a nível nacional, mas conseguiu manter municípios-chave, como foi o caso da comuna de Maipú, em Santiago, com uma vitória contundente de Tomás Vodanovic”, disse à agência de notícias AFP Rodrigo Espinoza, analista da Universidade Diego Portales.
Vodanovic, o candidato da Frente Ampla citado pelo pesquisador, foi reeleito com a maior votação do país: 70%. Houve, no entanto, derrotas dolorosas para o governo Boric, como a que aconteceu na comuna de Santiago, principal da capital, de mesmo nome. Ali, a comunista Irací Hassler perdeu a reeleição para o candidato da direitista Renovação Nacional Mario Desborde, ex-ministro de Sebastián Piñera, presidente do Chile entre 2010 e 2014 e entre 2018 e 2022.
Por outro lado, a coalizão de direita perdeu Puente Alto, outra comuna de Santiago e a mais populosa do país. Após 24 anos com prefeitos da Renovação Nacional no poder, o local será governado por Matías Toledo, um candidato independente de esquerda que teve a segunda maior votação do país, perdendo só para o desempenho de Vodanovic.
Candidaturas independentes, aliás, abocanharam 103 prefeituras, muito à frente do Partido Republicano, representante da ultradireita chilena, que ficará com apenas oito gestões. Para Espinoza, a direita tradicional conseguiu uma “quantidade considerável de municípios”, enquanto a performance dos republicanos ficou “abaixo das expectativas”.
Para o Partido Republicano, os resultados são um balde de água fria após a sigla conseguir maioria no Conselho Constitucional que emendou o texto que deveria substituir a atual carta chilena rejeitado no final do ano passado no segundo plebiscito do tipo em dois anos no país.
A votação que escolheu os conselheiros aconteceu em maio de 2023 e deu 22 dos 50 assentos do órgão à ultradireita. A promessa de que o bom desempenho do partido poderia se repetir no pleito do fim de semana, no entanto, não se concretizou.
Redação / Folhapress