RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A primeira edição dos Jogos Olímpicos de eSports será realizada em 2027, em Riade, na Arábia Saudita, e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) formou grupos para debater o tema e se preparar para o torneio.
Matheus Figueiredo, gerente de Relações Institucionais do COB, indicou que a gestão da entidade tem “essa agenda na mesa” e fomentar o assunto é uma “missão” da entidade. Ele participou, no último dia 29, do Collab Summit, evento sobre tecnologia e inovação que aconteceu no Rio de Janeiro.
É uma agenda nova que se apresenta. A gestão do COB completou 100 dias, é bastante recente, mas essa agenda está na mesa. Montamos alguns grupos de estudo para conseguir identificar como fomentar isso. Fomentar esse tema é uma missão do COB, entender esse novo momento. Assim como tem algumas modalidades novas no programa de Los Angeles, essa é uma nova modalidade, um novo cenário. Temos de entender os ecossistemas que estão presentes nesse mundo, nos relacionarmos e criarmos as melhores soluções. Porque não é uma solução que vai ser baseada somente dentro do COB, mas também com outras entidades participando.Matheus Figueiredo
Ainda há algumas lacunas sobre o evento, como, por exemplo, quais jogos e modalidades estarão contemplados. De acordo com o COI, as Olimpíadas de eSports terão três categorias: esportes físicos disputados em plataforma virtual; simuladores de esportes; e games de eSports, desde que alinhados aos valores olímpicos.
O COI terá a parceria da eSports World Cup Foundation (EWCF), organização saudita por trás da Copa do Mundo de eSports.
É um item que estamos tratando com carinho. Tem algumas agendas do próprio Comitê Olímpico Internacional, em relação ao eSport, que temos participado para nos inteirarmos um pouco mais e olhar esse assunto com atenção.
“O mundo está mudando e acho que todos nós temos de nos adaptar um pouquinho, refletir e entender as responsabilidades de cada um desses processos. O COB, como norteador do movimento olímpico no Brasil, tem a responsabilidade de pegar essa pauta e tratar de forma transparente, buscar definições. E é isso que estamos fazendo”, completou.
A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, por exemplo, já organiza um Campeonato Brasileiro Virtual, movimento que iniciou a partir de um projeto da federação internacional da modalidade.
“É um segmento já existente e acho que temos de verificar junto às confederações, por isso que esses ecossistemas de inovação são tão importantes de se fomentar, para que essas soluções aconteçam e impactem esse movimento. Essa outra parte de games, de jogos olímpicos, acho que é um pouquinho diferente. Estamos falando de um trabalho multidisciplinar, até de desenvolvimento de atletas de esportes eletrônicos. Os atletas de ponta do e-games já têm uma preparação diferente, mental, física, nutricional, para conseguir atingir o alto rendimento. Acho que quando começa a se pensar em alto rendimento, tem de pensar um pouco diferente. Qual é o meu objetivo? O que eu preciso? Que informações preciso? E, a partir daí, criar uma ação para conseguir achar o resultado que eu estou propondo”, disse.
“Se a proposta é conseguirmos nos posicionar como um país que vai competir em games e queremos nos propor a fazer isso de uma forma profissional, o que eu preciso para atingir o resultado que espero? Precisamos liderar esse movimento para que esses diversos ecossistemas, de alguma forma, conversem e possam impactar todo o movimento olímpico”, apontou.
RIO PROJETA CALENDÁRIO ANUAL
Chandy Teixeira, chefe-executivo de games e eSports da Prefeitura do Rio, apontou que a cidade já tem calendário de competições até o ano que vem. Neste mês, inclusive, vai receber o Mundial de Rainbow six, na Arena Carioca 1.
“É o primeiro cargo público de games e esportes eletrônicos da América Latina. Então, estamos em um momento de aprendizagem. Falando especificamente da área de esportes eletrônicos, acho que ela se conecta com o propósito da cidade. O Rio é uma cidade turística, tem vocação para atrair eventos, e os esportes eletrônicos são um grande hub dentro dessa nova indústria criativa. O que estamos fazendo nesse momento? Queremos assegurar que vamos continuar sendo a ponta global dos grandes eventos. Estamos com um calendário até 2026. Vamos receber, agora em maio, o Mundial de Rainbow Six, e vamos começar a ter um calendário anual para que o carioca que joga esporte eletrônico tenha onde jogar, tenha os seus campeonatos, porque vamos formar para as Olimpíadas de 2027”.
A prefeitura estima um impacto de US$ 7 milhões, cerca de R$ 39 milhões na cotação atual, entre ações diretas e indiretas. No Mundial de Free Fire, por exemplo, a rede hoteleira da região da Barra da Tijuca onde fica a Arena Carioca 1 teve ocupação de 90%, segundo o gerente-executivo.
Sobre as Olimpíadas de 2027, Chandy faz um alerta sobre o impacto de lacunas que ainda devem ser preenchidas.
“Temos de parabenizar o COI pela ousadia de colocar a mão nesse setor. Feito o elogio, agora o ponto de atenção. As Olimpíadas vão ser em 2027, e, até o momento, não sabemos quais são as modalidades olímpicas. Isso dificulta muito para que os países se organizem, para formar esses atletas. Acho que o COI tem essa responsabilidade de, o mais brevemente possível, anunciar os games. O esporte eletrônico já tem uma vida orgânica, independente. Dentro dos seus jogos mais populares, Counter-Strike, League of Legends, Rainbow Six, Free Fire, Fifa… Esses jogos já estamos contemplando. Então, em breve, vamos ter também um time profissional aqui no Rio para disputar as principais competições nacionais e internacionais”.
ALEXANDRE ARAUJO / Folhapress