Colete que parece interior de um computador de Rayssa funciona a bateria

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – No dia em que conquistou sua segunda medalha olímpica, Rayssa Leal postou um vídeo usando um colete futurista, cheio de pequenos ventiladores que mais parecia o interior de um computador do que uma peça de roupa. Era um colete de resfriamento, criado por cientistas para fazer algo que, na França, tem sido difícil garantir: uma temperatura agradável para que os atletas disputem os Jogos com conforto.

Com temperaturas passando dos 30°C, os Jogos de Paris são a segunda edição seguida em que calor é um problema. Em Tóquio, os coletes de gelo eram novidade. Agora, em Paris, eles se popularizaram.

A Nike, patrocinadora de Rayssa, é uma das marcas que tem essas peças tecnológicas. Em parceria com a Hyperice, a empresa desenvolveu uma bota que aquece os músculos e uma jaqueta que resfria o corpo que não precisam de contato com qualquer item externo para esfriar ou esquentar o atleta.

Os ventiladores nas roupas são, na verdade, coolers termoelétricos que mantém a temperatura corporal equilibrada. Uma bolsa de ar e um sensor de pressão ajustam-se ao corpo, pressionando esses coolers, e aumentando a sua eficácia.

LeBron James testou o colete e a bota durante seu período de desenvolvimento. “Desde o momento que eu coloquei pela primeira vez, sabia que eles iam mudar a vida dos atletas, tanto para o aquecimento quanto para resfriar”, diz o jogador de basquete no comunicado oficial da empresa.

A maioria desses itens refrescantes precisam de uma conexão externa com o frio e são fáceis de carregar. No vídeo da skatista brasileira, por exemplo, as baterias acabaram no meio.

“Existem cabos, nos quais você conecta luvas e coletes, por exemplo, em um mini cooler. Eles são pequenos, do tamanho de uma mala de mão, e simples de serem carregados”, diz Danielli Mello, professora Titular da Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx).

Ela tem pós-doutorado em Fisiologia em ambientes extremos em Portsmouth, na Inglaterra, e foi inspirado por problemas que via os militares enfrentando em situações extremas durante suas ações que começou a pesquisar:

“Busquei tecnologias que fossem viáveis, que não incomodassem os atletas e que não fossem cheias de fios”, conta. Ela achou coletes, jaquetas, botas e luvas. “A Ralph Lauren, por exemplo, fez uma jaquete com ventiladores para os atletas americanos enfrentarem o calor do Japão”.

Ela explica que muitos desses itens que refrescam simulam um tratamento de crioterapia. “Você faz uma transferência do ar gelado, por meio de cabos, que cria um resfriamento sem que haja desconforto, já que não há contato com o gelo”, explica.

MELHOR PERFORMANCE?

Para Mello, manter a temperatura corporal equilibrada é um fator determinante para a obtenção de bons resultados. “Principalmente em atividades de longa duração. Quem consegue manter uma boa regulação de calor é finalista. Quem não, muitas vezes desiste ou abandona as provas”. explica.

Segundo ela, o uso desse resfriamento nos momentos certos pode ajudar na performance dos atletas. Mas tem que ter estratégia. “Em alguns momentos o frio é importante. Em outros, o ideal é o calor. Depende do momento do exercício”, diz. O profissional responsável tem que saber o que fazer para não prejudicar o atleta.

O colapso por calor é uma realidade, por isso é tão importante ter a disposição processos de resfriamento durante os jogos. Mas atenção: é preciso da ajuda de especialistas, pois choques térmicos podem ser perigosos.

“É necessário ter um controle da temperatura e do tempo que a pessoa é exposta. A crioterapia pode acontecer, por exemplo, entre 8 a 12 graus, mas a maioria das pessoas só suporta acima dos 10 graus. E o ideal é ficar até 15 minutos exposto ao frio”, ensina.

RAFAELA POLO / Folhapress

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