SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de cerca de 50 colonos israelenses, muitos deles mascarados, invadiu e ateou fogo ao vilarejo palestino de Jit, próximo da cidade de Qalqilya, no norte da Cisjordânia ocupada, nesta quinta-feira (15).
À agência de notícias Wafa, autoridades palestinas afirmaram que o ataque deixou ao menos um morto, Rashid Mahmoud Sedda, 22, e um ferido em estado grave, baleado no peito pelos colonos e internado em em um hospital em Nablus.
As forças de segurança de Israel não confirmaram a morte. Afirmaram, porém, que prenderam um dos israelenses envolvidos no ataque, e condenaram o episódio, que segundo eles desvia a atenção dos agentes de outras prioridades.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, por sua vez, classificou o incidente de “extremamente grave” em nota. “Os responsáveis por quaisquer crimes serão presos e julgados”, diz o texto.
Forças de segurança de Israel impedem ativistas de chegarem a terreno confiscado por colonos israelenses na área de Al-Makhrur, perto de Beit Jala, na Cisjordânia ocupada Hazem Bader AFP **** Vídeos e imagens compartilhados nas redes sociais mostram casas e automóveis em chamas após os ataques. Um agente de segurança israelense afirmou ao jornal The Times of Israel que pelo menos quatro propriedades e seis veículos foram incendiados.
Ao longo dos anos, os colonos têm usado diferentes estratégias para atacar palestinos e suas propriedades na Cisjordânia ocupada –atirando pedras sobre moradores, incendiando residências e estabelecimentos comerciais, danificando a infraestrutura que garante fornecimento de água e roubando ou matando gado.
Casos mais extremos envolveram incêndios a vilarejos palestinos inteiros e ataques a tiros contra os moradores locais.
Palestinos com frequência reclamam de uma aparente leniência do governo de Tel Aviv para conter esses ataques. Ações do tipo já foram inclusive encorajadas por membros mais radicais da coalizão de ultradireita hoje à frente do Knesset, o Parlamento israelense.
Cerca de 700 mil colonos israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental –os habitantes palestinos da região somam cerca de 2,7 milhões.
Embora cerca de um terço desses lugares seja ocupado por sionistas religiosos, que afirmam que seu direito de viver na região venha dos textos bíblicos, outros tantos judeus seculares se mudaram para os assentamentos devido aos preços mais baixos em comparação com terrenos em Israel.
A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza só fez aumentar as tensões na região. Levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que, de 7 de outubro de 2023, data do início do conflito, a 10 de junho de 2024, mais de 500 palestinos foram mortos na Cisjordânia ocupada, contra 24 israelenses.
Além disso, segundo a ONG Peace Now, que monitora a expansão de assentamentos do país na região, este foi o ano em que Tel Aviv mais avançou sobre a área.
Redação / Folhapress