SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dono da primeira medalha olímpica da Turquia no tiro esportivo, o atleta Yusuf Dikec ganhou destaque nas redes sociais por sua postura despojada ao competir em Paris.
Acessórios comumente utilizados por atiradores não foram necessários para seu bom desempenho, que lhe garantiu a prata em equipes mistas com pistola de ar a 10 m ao lado da companheira Sevval Ilayda Tarhan.
Enquanto adversários usavam óculos de proteção, lentes específicas e abafadores de ruído, Dikec apareceu apenas com seu óculos de grau e protetores auriculares simples –e a mão esquerda no bolso da calça.
Em sua quinta participação olímpica, o atleta de 51 anos começou no tiro esportivo em 2001. Antes de Paris-2024, havia alcançado como melhor resultado olímpico o 13º lugar na pistola 50 m em Londres-2012.
Formado em educação física e ex-membro da força nacional turca, ele é bicampeão mundial (pistola standard 25 m e pistola de fogo central 25 m) e sete vezes campeão europeu. Entrou na onda da internet e agora brinca em suas redes sobre sua “pose lendária”.
Segundo Eduardo Azeredo, diretor de marketing da Liga Nacional dos Atiradores Desportivos (Linade) e instrutor de tiro, a necessidade de equipamentos de proteção é mais flexível nas modalidades olímpicas com arma de ar a curta distância.
“Falando grosseiramente, seria a pistola de chumbinho, cujo estampido não faz muito barulho”, disse à Folha.
Por padrão de segurança, porém, é frequente que todos os atletas utilizem abafadores, além de proteção contra fragmentos que possam ricochetear no alvo.
Em algumas modalidades ainda são permitidos aparelhos específicos de mira, como lunetas. Não é o caso dos eventos com distância de 10 m.
Também são comuns óculos especiais que auxiliam na preparação do tiro, como lentes que evitam o desfoque da imagem e tapa-olhos que permitem que o atirador mantenha os olhos abertos.
“Não é que ele não tenha o equipamento”, afirmou Sevval Ilayda Tarhan, dupla de Dikec, à Reuters. “É uma coisa pessoal e ele se sente confortável assim.”
O posicionamento do corpo do turco foi outro aspecto que chamou a atenção de Azeredo. “No tiro olímpico, estamos acostumados a ver atletas com postura mais lateralizada. Ele atirou mais frontalmente; parece que ele está à toa, à vontade.”
BEATRIZ GATTI / Folhapress