SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel disse nesta quinta-feira (12) que não vai interromper seu cerco à Faixa de Gaza até que todos seus reféns sejam libertados -o país conseguiu confirmar a identidade de pelos menos 97 pessoas sequestradas após os ataques, no último sábado (7), do grupo terrorista Hamas, que controla o enclave palestino.
“Ajuda humanitária para Gaza? Nenhum interruptor elétrico será ligado, nenhum hidrante de água será aberto e nenhum caminhão de combustível entrará até que os reféns israelenses sejam devolvidos para suas casas. Humanitário por humanitário. E ninguém deve nos pregar moral”, escreveu o ministro de Energia, Israel Katz, no X, antigo Twitter.
Gaza, porém, está em vias de colapso. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, organização humanitária que atende atingidos pelo conflito na região, afirmou, também nesta quinta, que ainda há combustível no enclave, mas apenas por mais algumas horas.
“À medida que Gaza perde energia, os hospitais perdem energia, colocando recém-nascidos em incubadoras e pacientes idosos em risco. A diálise renal é interrompida e os raios-X não podem ser feitos. Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformar em necrotérios”, afirmou Fabrizio Carboni, diretor regional da entidade para o Oriente Médio. “A miséria humana causada por essa escalada é abominável, e imploro às partes que reduzam o sofrimento dos civis.”
A organização está em contato com ambos os lados do conflito para tentar negociar a liberação de reféns.
As vítimas foram sequestradas no sábado, quando cerca de mil combatentes palestinos invadiram, por ar e terra, ao menos 14 localidades no sul de Israel e mataram dezenas de civis e soldados. Milhares de foguetes foram disparados contra o território israelense no pior ataque sofrido pelo país em 50 anos.
A escala dos assassinatos foi melhor compreendida nos últimos dias, depois que as forças israelenses retomaram o controle das cidades e encontraram casas cheias de corpos. Ao menos dois brasileiros estão entre as vítimas atacadas em uma rave que acontecia a poucos quilômetros de Gaza e onde pelo menos 260 foram mortos. Na vila de Kfar Azza, soldados descreveram uma cena de massacre que vitimou dezenas de israelenses, incluindo, idosos, bebês e crianças.
A ofensiva foi lançada durante o feriado judaico de Simchat Torah e um dia depois do 50º aniversário da Guerra do Yom Kippur, entre Israel e países árabes. A ação pegou as Forças Armadas de Israel de surpresa, indicando uma possível falha dos serviços de inteligência do país.
Após a invasão, Israel impôs um bloqueio total ao estreito território- um dos mais densamente povoados do mundo, com 2,3 milhões de habitantes -e cortou os serviços de água, eletricidade e gás. A potência militar lançou ainda a campanha de bombardeio mais poderosa da história de 75 anos do conflito israelense-palestino, destruindo bairros inteiros.
Desde sábado, onze funcionários palestinos da ONU (Organização das Nações Unidas) e quatro paramédicos da FICV (Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho) morreram em Gaza.
Nesta quinta, no hospital de Khan Younis, a principal cidade no sul da Faixa de Gaza, uma menina chorava pedindo por sua mãe. “Não sabemos onde ela está”, disse a mulher que tentava acalmar a garota, que tinha hematomas e cortes no rosto causados por um ataque aéreo.
Já no campo de refugiados de Al Shati, em Gaza, moradores peneiravam os escombros com as mãos em busca de corpos. Os trabalhadores do resgate dizem que faltam combustível e equipamentos para retirar sobreviventes dos prédios destruídos por bombardeios. Do outro lado da fronteira, em Ashkelon, sul de Israel, trabalhadores varriam os destroços de carros e prédios danificados por novos ataques de foguetes vindos de Gaza.
A guerra também desmoronou os esforços diplomáticos da região. Israel se preparava para chegar a um acordo para normalizar os laços com a Arábia Saudita, que, por sua vez, havia retomado laços com o Irã, seu rival regional, meses antes.
Teerã celebrou os ataques do Hamas, mas negou estar por trás deles. Mesmo assim, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que o envio de armamento a Israel deve ser visto como um sinal para o Irã ficar fora do conflito.
Redação / Folhapress