Com índices de umidade do ar assustadores, SP reforça ações contra incêndios

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O tempo seco fez cidades do interior de São Paulo mesclarem na tarde desta terça-feira (3) percentuais de umidade relativa do ar semelhantes aos de desertos e qualidade do ar com classificação muito ruim ou péssima.

Por causa do cenário, classificado como assustador por integrantes da Defesa Civil paulista, o governo convocou representantes da iniciativa privada para uma reunião na noite desta terça para adoção de medidas conjuntas para combater queimadas, potencializadas pelo clima seco.

“Vamos aumentar o nosso potencial de trabalho [de combate a a incêndio] com o setor privado”, afirmou à Folha o coronel Ricardo Pereira Henguel, coordenador de Proteção e Defesa do Estado de São Paulo.

Focos de incêndio em Pompeia, no interior de São Paulo, vistos de avião usado no combate às chamas Divulgação Defesa Civil Vista aérea de uma área afetada por incêndio florestal. Há fumaça se elevando de uma região montanhosa ao fundo, enquanto o primeiro plano apresenta uma parte da asa de um avião amarelo. Entre os representantes da iniciativa privada estão de cana-de-açúcar, de energia elétrica e gás, entre outros. “Cada um tinha seu plano de contingência, agora integramos”, afirmou.

Segundo medições de estações meteorológicas automáticas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), sete municípios apresentavam umidade relativa do ar abaixo de 10% entre 14h e 16h. Os piores índices eram os de Barretos, Marília e Tupã, com apenas 7%.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o nível ideal para o organismo humano é de ao menos 60%. A umidade do ar a 10%, por exemplo, é compatível a do deserto do Saara.

Sem previsão de chuva, a umidade relativa do ar tem caído a índices alarmantes. Na capital paulista, por exemplo, a estação meteorológica do Inmet no Mirante de Santana, na zona norte, registrou apenas 20% às 15h. A temperatura chegou a 32,1°C no mesmo local.

Nesta terça, o Inmet emitiu alerta de perigo para baixa umidade do ar para boa quase toda a região Sudeste e estados do Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

O motivo é uma massa de ar seco e quente que predomina na maior parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste, impedindo a formação de nuvens.

Conforme dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado), às 17h, eram 13 municípios com qualidade do ar que variavam de ruim a péssima -é o caso de Santa Gertrudes, no noroeste do estado e a cerca de 170 km da capital paulista.

Na classificação péssima, entre outros, há agravamento de sintomas respiratórios, de doenças pulmonares -asma, e cardiovasculares-, como infarto do miocárdio.

“Pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crianças devem evitar qualquer esforço físico ao ar livre”, alerta a Cetesb sobre a classificação roxa.

Na cidade de São Paulo, neste mesmo horário havia quatro regiões com classificação laranja (ruim): na marginal Tietê, altura ponte dos Remédios (zona oeste), e na Freguesia do Ó, Perus e Pico do Jaraguá, todos na zona norte.

Na manhã desta terça, a Defesa Civil estadual, antes mesmo da reunião da noite no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, havia renovado até a próxima sexta-feira (6) o alerta de risco elevado para incêndios para as regiões norte, noroeste e oeste do estado.

O mapa de risco, que é uma das ferramentas tecnológicas que auxiliam a Defesa Civil no monitoramento de queimadas em vegetação durante o período da estiagem, indica grau máximo de risco nas respectivas faixas do território paulista.

Para os próximos dias, as regiões norte, noroeste e oeste do estado continuarão com o tempo seco e sem condições para precipitações.

As temperaturas devem seguir em elevação com umidade relativa do ar atingindo níveis mais críticos, deixando a sensação de tempo quente e abafado.

No início da noite desta terça, nove cidades paulistas tinham focos de incêndio: Luiz Antonio, Dois Córregos, Pedregulho, São Simão, Altinópolis, Pompeia, Monte Alegre do Sul, Bom Jesus dos Perdões e Ribeirão Preto.

Em Pedregulho, São Simão e Pompeia aviões ajudavam no combate ao fogo. Não houve nenhuma vítima por causa dos focos de incêndio.

O pacote discutido nesta terça pelo gabinete de crise montado pelo governo há cerca de duas semanas, quando focos de incêndio começaram a se espalhar, foi dividido em três eixos com propostas para prevenção, preparação e resposta.

Entre as ações haverá a distribuição de quase 500 mil panfletos e cartazes em todo o estado como parte de uma campanha de conscientização.

O combate ao fogo deverá ter reforço na linha de frente, que receberá equipamentos e recursos adicionais. Segundo o governo, serão adquiridos caminhões-bomba, veículos 4×4 e tanques de combate, e instalados sistemas de comunicação em áreas de difícil acesso.

Além da mobilização de 15 mil profissionais, o uso de aeronaves foi ampliado -o número do aumento de voos não foi informado.

Ao todo, 245 municípios foram atingidos, desde o dia 2 de agosto, por incidência de focos de incêndio.

FÁBIO PESCARINI / Folhapress

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