Com país crescendo mais, PIB per capita deve superar pico histórico em 2024

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O PIB (Produto Interno Bruto) per capita do Brasil deve, em 2024, superar o pico de 2013 e fechar o ano em R$ 52.344 -um aumento de 2,1% ante o ano passado.

“Caso se concretize um crescimento de 2,5% do PIB, o indicador per capita alcançará seu mais alto valor, desde sempre”, diz o pesquisador Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas) e responsável pelos cálculos.

A estimativa exclusiva leva em conta as novas projeções e ajustes divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a população, no período de 2000 a 2070, em que o ritmo de crescimento da população é mais brando do que se antevia.

As informações que vieram do Censo alimentaram as novas projeções de população, explica o economista. “Trabalhamos com elas, para considerarmos a população residente total.”

Considera recorda que há projeções até mais otimistas do que 2,5% para o crescimento do PIB deste ano.

O mais recente boletim Focus, do Banco Central, aponta 2,96% de alta do PIB. Já a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda elevou na última semana de 2,5% para 3,2% a projeção de crescimento para 2024.

De acordo com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, há um crescimento disseminado da atividade econômica neste ano.

“Não é só o impulso fiscal que tem movimentado a economia, o mercado de crédito, por exemplo, cresce a um ritmo bastante forte, mesmo com taxas de juros ainda bastante restritivas, e o volume de investimentos também tem crescido”, afirmou Mello.

O PIB per capita (divisão do PIB pelo número de habitantes) mede quanto do PIB caberia a cada indivíduo de um país se todos recebessem partes iguais.

Embora não seja um indicador ideal para isso (por desconsiderar como está a distribuição dos recursos, por exemplo), ele fornece uma pista importante do bem-estar do país.

“No período recente, as previsões pessimistas sobre o desempenho da economia brasileira têm sido desmentidas sempre que o IBGE anuncia um novo resultado trimestral. O PIB se move, e tem crescido desde 2020, com o fim da pandemia”, diz Considera.

A economia surpreendeu positivamente no segundo trimestre. O PIB do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024, com consumo das famílias e do governo subindo 1,3% e investimentos aumentando 2,1%.

Segundo o IBGE, isso se deve a melhores condições de trabalho, juros mais baixos e avanço do crédito. O setor externo contribuiu negativamente, com importações superando exportações.

Na avaliação de analistas, o consumo teve impulso do aumento da renda no segundo trimestre. Além disso, o mercado de trabalho aquecido e as transferências governamentais explicariam parte desse impulso.

A combinação da mudança no ritmo de transição demográfica do país e o aumento nas expectativas de crescimento da economia em 2024 devem provocar a quebra da marca atingida pelo PIB per capita em 2013, de R$ 51.825 (em valores constantes de 2023), antes da recessão que viria nos anos seguintes.

De acordo com Considera, o período analisado, a partir do ano 2000, apresenta em 24 anos apenas 6 taxas negativas do PIB per capita.

“Nesse período, tivemos a crise financeira de 2008, a grande recessão de 2014-2016 e a pandemia. Ou seja, apesar de todos os percalços só a crise [de meados da década passada] pode ser atribuída a um brutal erro de política econômica. Nas outras ocorrências, a economia brasileira se mostrou bastante resiliente.”

DOUGLAS GAVRAS / Folhapress

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