RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Depois de um forte calor ao longo do dia nesta quinta-feira (21), a previsão é que a chegada de uma frente fria provoque uma chuva forte já durante a noite em todo estado do Rio de Janeiro.
A dimensão que a chuva pode tomar até o fim de semana fez com que os municípios fluminenses antecedam medidas de atendimento à população.
O prefeito Eduardo Paes (PSD) usou sua conta no X (antigo Twitter) para pedir que as pessoas se desloquem mais cedo nesta quinta-feira, e evitem de se deslocar pela cidade na sexta-feira.
Ao lado da chefe de meteorologia do Centro de Operações Rio, Raquel Franco, Paes pediu para as pessoas que moram em áreas de risco tomem cuidado e respeitem a sirene, respeita. “Parece que teremos um evento severo”, afirmou.
Os números indicam que, da noite de quinta a domingo (24), pode chover de 300 a 500 milímetros por dia. O volume é maior do que o da média prevista para março inteiro na capital (135mm); ou quase o esperado para todo este mês em Petrópolis (207,5mm), na região serrana.
O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), alertou que o maior risco dessa vez está nas regiões metropolitana, serrana e no litoral sul do estado.
A situação motivou uma reunião, nesta quarta (21), de representantes do Cemaden com as Defesas Civis fluminenses, para deixar a população de sobreaviso. O órgão nacional emitiu aviso de “grande perigo” para todo o estado, por causa da previsão de grandes volumes de chuva e ventos fortes.
O Climatempo também emitiu alerta de que essa será uma situação “excepcional” e que os níveis pluviométricos entre esta quinta e domingo “podem superar o volume médio para todo o mês de março em 24/48 horas”.
Em relação a temperatura, a previsão é de que os termômetros marquem entre os 18°C e os 29°C na sexta, e entre os 17°C e os 26°C no sábado. No domingo, a mínima deve ser de 17°C e máxima de 27°C.
Nesta quinta, o Greenpeace Brasil protocolou um ofício, com outras 34 organizações, cobrando medidas emergenciais do governo do estado antes que uma tragédia ocorra. Entre as recomendações, a organização destaca a suspensão de aulas e gratuidade no transporte viário para auxiliar no deslocamento da população.
“É um pedido de socorro das nossas favelas, bairros e cidades do Rio de Janeiro, que se movimentam em busca de soluções diante da previsão de tempo para o final de semana”, disse a coordenadora da Casa Fluminense, Larissa Amorim, que está entre as organizações que assinam o documento.
O governador Cláudio Castro (PL) reunirá ainda nesta quinta com representantes de órgãos sobre o tema para alinhas as ações do plano de contingência para reduzir os impactos da possível tempestade.
Na capital, o Plano Verão foi acionada com horários estendidos das equipes, caso seja necessário. As medidas do programa também incluem um trabalho preventivo, como o de desassoreamento de rios, obras contra deslizamentos de encostas, e limpeza de ralos.
Na Baixada Fluminense, que ficou debaixo dágua durante os temporais de janeiro e fevereiro, a cidade de Duque de Caxias informou que mobilizou todo seu efetivo para atuar em caso de necessidade. Já a Prefeitura de Nova Iguaçu disse que seguirá um plano de contingência em caso de eventos climáticos extremos e que poderá abrir pontos de atendimento e abrigos temporários.
Em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, a Defesa Civil está com toda a sua equipe de prontidão e conta ainda com mais de três mil voluntários para atuar em caso de chuvas fortes. Outros dois mil agentes também poderão ser mobilizados para atuar em casos de emergência.
Na região serrana, o distrito de Petrópolis, que teve mais de 200 mortos na tragédia climática de janeiro de 2022, emitiu um aviso meteorológico, que dura até a tarde de segunda-feira por causa da chuva. A Defesa Civil do município disse que segue monitorando o tempo, podendo emitir novos alertas a qualquer momento.
O prefeito Rubens Bomtempo também convocou o Comitê de Ações Emergenciais e instalou o Centro Integrado de Comando e Controle.
Em Teresópolis, a Defesa Civil afirmou que as equipes estão “de sobreaviso e preparadas para o atendimento em caso de emergência”. A prefeitura entregou nesta quarta um muro de contenção construído no bairro do Caleme, atingido nas chuvas de 2011.
Já a prefeitura de Friburgo informou que foram realizados simulados e que inaugurou obras de drenagem nos bairros de Olaria e do Centro. Com 36 sirenes instaladas, o município disse que conta ainda com novos computadores na sala de monitoramento e viaturas 4×4 adquiridas para atender ocorrências em terrenos adversos.
Em todo estado, o Corpo de Bombeiros do Rio informou que irá dobrar o afetivo de militares de serviço “nas áreas onde há maior probabilidade de inundações, alagamentos, deslizamentos e desabamentos”, como na Baixada Fluminense, além das regiões serrana, sul, norte e noroeste fluminense. Nesses locais, segundo a corporação, os comandantes ficarão aquartelados e de prontidão, junto com a tropa.
“Estamos a postos, preparados para agir com força total, caso o cenário de risco se confirme. Todos os recursos do Corpo de Bombeiros estão à disposição da população fluminense”, disse o coronel Leandro Monteiro.
A Marinha do Brasil emitiu um aviso de ressaca, das 15h de sexta-feira até a madrugada de domingo, com ondas que podem chegar aos 3 metros de altura.
ALÉXIA SOUSA / Folhapress