SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A despeito das mais de 10 mil mortes e das milhares de pessoas forçadas a se deslocar na Faixa de Gaza, o comandante israelense Moshe Tetro disse nesta quinta-feira (9) que não há crise humanitária no território palestino, onde forças militares de Israel e terroristas do Hamas travam combates há um mês.
“Sabemos que a situação civil na Faixa de Gaza não é fácil”, disse Tetro, comandante do Cogat, o órgão do Ministério da Defesa de Israel que supervisiona as atividades civis nos territórios palestinos. “Mas posso dizer que não há crise humanitária em Gaza”.
Desde o início da guerra, em 7 de outubro, mais de 10,5 mil palestinos, incluindo 4.324 crianças, morreram no território, segundo balanço divulgado na quarta (8) pelo Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Outros 1,5 milhão (ou mais de 60% da população de 2,1 milhões) tiveram de deixar suas casas. E ao menos 260 mil habitações foram parcial ou completamente destruídas.
Israel tem sido acusado de punir de maneira coletiva e indiscriminada os civis de Gaza. O território é alvo de bombardeios diários feitos pelas forças israelenses em resposta aos atentados terroristas do Hamas que mataram mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, há pouco mais de um mês.
Tetro disse que o Exército israelense está facilitando a entrega de ajuda a Gaza, incluindo água, comida, material médico e outros itens básicos para as pessoas deslocadas. Centenas de caminhões com toneladas de suprimentos foram autorizados a entrar no território, mas organizações de direitos humanos afirmam que a quantidade é insuficiente segundo a ONU, antes da guerra, em média cem caminhões entravam por dia em Gaza, que já registrava condições precárias e alto índice de desemprego.
O militar fez as declarações no mesmo dia do início, em Paris, de uma conferência sobre ajuda humanitária direcionada a Gaza com a presença de Emmanuel Macron. No evento, o presidente francês pediu uma “pausa humanitária muito rápida” no conflito e que todos os líderes trabalhem para alcançar um cessar-fogo.
“No futuro imediato, temos de trabalhar para proteger os civis”, afirmou Macron, que sublinhou o direito de Israel de se defender, mas respeitando o direito internacional e protegendo os civis de Gaza.
A declaração do líder francês destoa do comunicado divulgado na véspera pelo G7. O grupo, que reúne algumas das principais economias do mundo, pediu uma pausa humanitária e o início de um processo de paz, mas sem mencionar um cessar-fogo, medida demandada por líderes críticos às ofensivas de Israel.
As pausas humanitárias, segundo o G7, são necessárias para facilitar o deslocamento de civis e a libertação dos reféns. Em um mês de conflito, apenas quatro vítimas sequestradas pelo Hamas foram soltas o grupo terrorista diz ainda ter sob a mira mais de 200 pessoas. Ao mesmo tempo, aliados de Israel dizem que um cessar-fogo total poderia ser usado pelo Hamas para se reagrupar.
O G7 é composto pela própria França, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos, além da União Europeia.
“Quantos palestinos têm de morrer para que a guerra termine?”, perguntou na conferência de Paris o premiê da Autoridade Palestina, Mohammed Shtayyeh. Ele disse ser necessário o envio de medicamentos, atendimentos a feridos e o restabelecimento de água e energia elétrica no território.
Médicos em Gaza afirmam que a situação se agrava devido à incapacidade dos hospitais e demais centros de saúde de fornecer tratamento aos feridos, consequência da escassez de suprimentos médicos e também de combustível, principal fonte de energia elétrica na faixa.
Em 12 de outubro, Israel deu um ultimato para que todos os palestinos vivendo na porção norte do território se desloquem para o sul. Antes, o governo israelense cortou luz e água em um “cerco total” a Gaza para pressionar pela libertação de reféns.
A ONU calcula que US$ 1,2 bilhão (R$ 5,8 bilhões) são necessários para ajudar os moradores de Gaza e da Cisjordânia até o fim do ano. A França já anunciou uma ajuda de 100 milhões (R$ 522 milhões).
Redação / Folhapress