Comerciante que diz ser filho de Gugu vende carros de alto luxo e espera DNA da família

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O comerciante Ricardo Rocha, 48, que afirma ser filho de Gugu, é dono de uma concessionária de automóveis em Pirituba, na zona norte de São Paulo.

No Instagram da loja, são divulgados vídeos de carros, muitos deles de luxo, como BMW, Mercedes-Benz e Volvo. “Eu trabalho com veículos premium”, afirma ele à reportagem. Também são anunciados automóveis blindados.

Em seu perfil pessoal na rede social, a maior parte das postagens de Ricardo também se refere à concessionária.

Procurado pela reportagem, Ricardo disse que não poderia falar da ação para reconhecimento de paternidade “post mortem” que move contra Gugu. Isso porque o processo está em segredo de Justiça.

Ele afirma apenas que ficou sabendo “por alto” que as filhas gêmeas de Gugu aceitaram fazer o exame de DNA, como revelou a Folha de S.Paulo.

“Espero que todos aceitem porque fica mais fácil para a família e para mim. A única coisa que eu quero no momento é isso que está sendo noticiado. Eu entrei [com o processo] para fazer o exame de paternidade e para ser reconhecido”, diz. Na sequência, ele interrompe a fala e diz: [Entrei] para fazer o exame [de paternidade], né. Mais coisas não posso falar, porque envolve terceiros. É complicado.”

A última postagem de Ricardo no perfil é de 4 de maio, quando postou um vídeo de dentro de um avião em que mostra a asa da aeronave. “Chegamos”, escreveu, sem dizer o local do pouso.

No vídeo, ele colocou o áudio de uma fala do ator Nelson Freitas ao podcast Inteligência Ltda. A entrevista do artista foi dada em julho de 2021, mas a narração viralizou e costuma ser usada em posts na internet.

“A gente passa a vida gastando saúde para conseguir dinheiro, depois a gente gasta o dinheiro todo para recuperar a saúde perdida”, diz o texto de Nelson Freitas.

Ricardo publicou o mesmo áudio em outro vídeo de 31 de dezembro. Na postagem, mostra imagens de uma paisagem.

Na quarta (23), os três filhos de Gugu -João Augusto, Marina e Sofia Liberato- e mais a irmã dele, Aparecida, receberam uma intimação sobre a ação de investigação de paternidade “post mortem” movida por Ricardo.

De acordo com a petição, a mãe do requerente, identificada como Otacília Gomes da Silva, teria conhecido “Antonio Augusto Moraes Liberato (o notório apresentador de televisão ‘Gugu Liberato’)” no segundo semestre de 1973, “em uma padaria que existia na rua Aimberê, nº 458, bairro de Perdizes, nesta capital”.

A petição informa que “a genitora” trabalhava como babá e empregada doméstica “na residência de uma família nipônica” que morava ao lado da panificadora.

Ela ia diariamente à padaria, “oportunidade em que se encontrava com Antonio Augusto que, muito comunicativo, a flertava e, com o passar do tempo houve a evolução da amizade, alguns passeios, culminando em relacionamento íntimo entre eles”.

Em 1974, depois de passar férias no litoral paulista com a família para a qual trabalhava, ela retornou e “constatou a gravidez”.

Procurou Gugu para “lhe informar a novidade”. Mas “este não mais foi encontrado naquele comércio”, e ela perdeu “totalmente o contato” com aquele que seria o pai de seu filho.

Ricardo Rocha nasceu em outubro de 1974.

Na época, Gugu tinha 15 anos. Não era apresentador de televisão e sequer sonhava que um dia seria um dos homens mais famosos do Brasil.

Quando Gugu iniciou sua carreira televisiva, diz a intimação, o filho adolescente começou a acompanhá-lo à distância. Quanto atingiu a maioridade, “entendeu protelar a busca do reconhecimento da paternidade para o futuro”.

Com a morte de Gugu, em 2019, aos 60 anos, e a disputa pela herança, Ricardo teria decidido buscar seus direitos, movendo a ação de paternidade.

Ele pede o exame de DNA para que a ação seja apreciada sem delongas.

Na noite de terça (20), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) validou o testamento deixado por Gugu, reconhecendo que os filhos ficariam com 75% dos bens, e os sobrinhos com 25%. O montante deixado pelo apresentador é avaliado em R$ 1 bilhão.

Tudo, no entanto, pode mudar caso Ricardo prove que é realmente filho de Gugu.

Rose Miriam, a mãe de João, Sofia e Marina, não é citada no testamento.

O processo movido por ela para o reconhecimento da união estável com o apresentador continua em andamento.

O advogado Nelson Wilians, que defende Rose Miriam e as gêmeas, afirma que “se ficar comprovada a paternidade [de Ricardo Rocha], isso por si só já invalida o testamento” deixado pelo apresentador.

Quando a decisão do STJ foi divulgada, Wilians afirmou que a respeita, mas que irá recorrer.

Segundo ele, o ato reverte a decisão do Tribunal de Justiça de reduzir a disposição da herança de Gugu, que por sua vez não respeita a parte legítima dos filhos.

“Se fosse intenção do apresentador Gugu deixar 25% da totalidade, ele teria testado 50% da parte disponível aos sobrinhos e não 25%”, diz o advogado.

MÔNICA BERGAMO / Folhapress

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