SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Os investimentos recentes da Arábia Saudita no futebol, incluindo a compra de Neymar pelo Al-Hilal por R$ 1,7 bilhão, levantam questões sobre o por que de o país estar gastando tanto com o futebol e se o governo saudita pretende usar o foco nos esportes para aumentar seu prestígio e limpar seu histórico no cenário internacional.
Grupos de direitos humanos, incluindo Grant Liberty, Anistia Internacional e Human Rights Watch, chamam esses gastos de “sportswashing” (“lavagem esportiva”, na tradução literal). Críticos também reforçam que os investimentos exorbitantes fazem parte da tentativa de desviar a atenção das ações do regime autoritário do país.
No caso da Arábia Saudita, a prática do “sportswashing” está ligada ao histórico que conecta a nação à violação de direitos humanos (especialmente em relação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+) e perseguição religiosa contra a minoria cristã que habita o país.
Enquanto isso, as autoridades sauditas garantem que esses investimentos visam diversificar a economia do país, que é baseada no petróleo.
BILHÕES GASTOS EM ESPORTES
A Arábia Saudita gastou pelo menos US$ 6,3 bilhões (R$ 31,2 bilhões) em acordos esportivos desde o início de 2021, segundo o The Guardian. A quantia equivale a mais do que o quádruplo do valor gasto anteriormente em um período de seis anos.
2030 na mira. Segundo o El País, a política esportiva saudita é um dos elementos da chamada Visão 2030, o principal projeto do príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman. Buscando justamente acabar com a dependência do petróleo, o plano conta com estratégias para diversificar a economia do país, atraindo investimentos e desenvolvendo setores como o turismo.
Como parte do plano, o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita adquiriu quatro dos principais clubes de futebol do país: Al Ahli, Al Hilal, Al Nassr e Al Ittihad. Além de Neymar, nomes como Cristiano Ronaldo, N’Golo Kanté, Karim Benzema, Sadio Mané, Romarinho, Alex Telles, Malcom, entre outros.
Atração de jogadores. Apesar da enorme distância em comparação com a elite do futebol mundial, a liga de futebol saudita já era a mais forte da região, e isso também reflete em sua capacidade de atrair jogadores.
Coincidentemente, porém, os investimentos se intensificaram após a morte do jornalista Jamal Khashoggi, um ferrenho opositor do governo árabe, ocorrida em 2018. O próprio Bin Salman, provavelmente o próximo rei saudita, foi apontado por um relatório de inteligência norte-americano como mandante do crime.
Redação / Folhapress