SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Como começou e terminou ‘casamento’ entre bilionários da 3G, Buffett e Kraft Heinz e o que mais importa no mercado.
*FIM DE UMA ERA*
O trio de bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Hermann Telles e Carlos Alberto Sicupira não é mais sócio de Warren Buffett na Kraft Heinz.
A empresa de private equity 3G Capital, que tem o trio brasileiro como fundadores, vendeu os 16,1% restantes de sua participação na gigante de alimentos americana no final de 2023. Ao preço da ação de ontem (10), a fatia equivale a US$ 7,2 bilhões (R$ 36,5 bilhões).
A informação da saída da 3G foi publicada primeiro pela rede de TV americana CNBC.
O início e o fim da era 3G na companhia:
↳ 2013: o trio de bilionários une forças com a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, para fechar o capital da Heinz por US$ 28 bilhões (R$ 141,8 bilhões, na cotação atual).
↳ 2015: é anunciada a fusão da Heinz com a Kraft Foods, criando uma gigante do setor alimentício. A ideia era replicar a estratégia da AB InBev no ramo de bebidas, com grandes aquisições e corte incessante de custos para melhorar a lucratividade.
↳ 2017: a Kraft Heinz faz uma oferta de US$ 143 bilhões (R$ 724 bilhões, na cotação atual) para comprar a Unilever, que acabou rejeitada.
Os resultados já não animam tanto os investidores quanto antes, com os analistas culpando o estilo de gestão da 3G e a mudança no estilo de alimentação dos consumidores.
↳ 2019: vem o grande baque para a companhia. De uma vez só, ela corta dividendos, rebaixa o valor das suas marcas em US$ 15 bilhões e informa que suas práticas contábeis estavam sendo investigadas pela SEC (CVM americana).
No meio da turbulência, a 3G vende 25 milhões de ações da empresa, derrubando os papéis em 4% no anúncio da operação.
↳ 2021: a Kraft Heinz paga uma multa de US$ 62 milhões (R$ 314 milhões) para encerrar a investigação, que incluía o reconhecimento de descontos não ganhos de fornecedores e a assinatura de contratos de fornecedores falsos.
A empresa compra a brasileira Hemmer, que tem as mostardas como carro-chefe.
↳ 2022: a 3G, que chegou a ter três assentos no conselho, passa a não ter representação no colegiado da companhia.
↳ 2023: o trio de brasileiros desfaz a parceria de dez anos ao encerrar sua participação na Kraft Heinz. A Berkshire segue como principal acionista da companhia, com 26,8% do capital.
*TRÊS MESES A MAIS DE ESPERA*
Os dados da inflação americana de março jogaram um balde de água fria em quem estava otimista e imaginava que o Fed (Federal Reserve, BC americano) derrubaria os juros ainda no primeiro semestre. O efeito mais prático apareceu nos mercados:
O dólar avançou mundo afora; por aqui, saltou 1,43%, para R$ 5,07;
A Bolsa brasileira caiu 1,41%, refletindo o mau humor dos pares americanos.
Entenda: a inflação americana acelerou para 3,5% em março, acima das projeções do mercado e com dados indicando aceleração inclusive no “núcleo”, que exclui itens mais voláteis.
↳ Com isso, a aposta da maioria do mercado sobre a queda dos juros nos EUA mudou de forma dupla:
O primeiro corte passou a ser previsto para setembro, em vez de junho;
A expectativa agora é para duas reduções no ano, ante as três que vinham sendo consideradas no começo de 2024, se fala em seis cortes.
O que explica: política monetária americana mais apertada significa que os títulos do Tesouro seguirão entregando um retorno maior aos investidores por mais tempo. Quem perde espaço nas carteiras são as Bolsas e as moedas dos países emergentes.
Ontem também foi dia de divulgação da inflação brasileira. O IPCA desacelerou para 0,16% em março, após ter subido 0,83% em fevereiro.
O índice surpreendeu positivamente os analistas, que esperavam avanço de 0,25% para o mês.
Em 12 meses, a inflação acumulada fechou em 3,93%, ante os 4,50% de fevereiro.
Os resultados de alimentos e combustíveis ajudaram a frear o índice, apesar do núcleo de serviços ainda preocupar os economistas.
*GOOGLE AGREGA MAIS IA AO ‘WORKPLACE’*
O Google apresentou na terça (9) um pacote de novidades de IA (inteligência artificial) para o “Workspace”, que reúne ferramentas voltadas ao uso corporativo, como Gmail, Docs, Meet e Sheets.
Os lançamentos estarão disponíveis apenas para assinantes por enquanto. Um representante da empresa disse que ela considera expandir as novidades a todos os usuários após esse período inicial.
As novidades:
Vids: ferramenta que transforma slides em vídeo com ajuda de IA. Ela cria uma espécie de sequência de cenas, ou um “storyboard”, como é chamado na indústria criativa. Uma versão de testes sairá em junho.
Meet: assistente que resume conversas, faz traduções e responde dúvidas durante uma videoconferência. O robô funciona a partir de comando de voz e também deve ser lançado em junho, com o português entre os idiomas disponíveis.
Gmail: também funcionará com comandos de voz e receberá um botão para “melhorar” textos com um clique. A tecnologia “transformará uma nota simples em um email completo”.
Docs: sistema de abas, que promete facilitar acesso e trabalho em múltiplos documentos ao mesmo tempo. Pode ser útil ao evitar o copia e cola de vários documentos em um só.
Planilhas: ganharão uma funcionalidade para formatar e organizar dados de maneira intuitiva. O produto promete acelerar a produção de tabelas. Outra novidade são os alertas customizáveis ao usuário em caso de mudanças nos dados.
Drive: classificação e proteção de arquivos com o auxílio de IA. A tecnologia pretende facilitar a gestão de arquivos de negócios, para facilitar a detecção de arquivos nocivos, como vírus.
A estratégia do Google: depois de ter saído atrás na corrida da IA com o lançamento do ChatGPT, a big tech tenta recuperar seu protagonismo na área a partir da integração da ferramenta em seus serviços.
A ideia também é rivalizar com o modo “Copilot”, da Microsoft, que usa a tecnologia da OpenAI nas ferramentas corporativas, como Outlook, Teams e Word.
*CAFÉ, SALGADINHO OU UMA FLOR?*
Máquinas automáticas de vendas de refrigerantes, salgadinhos e café todo mundo já viu. Mas e de flores e algodão doce?
No Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, a Giuliana Flores instalou duas máquinas para venda de rosas de longa duração (até três anos). Custando R$ 49,90, a ideia é testar o formato também em hospitais e restaurantes.
No interior de São Paulo, a Sonho de Algodão Doce inovou ao oferecer o tradicional doce à base de açúcar em uma máquina de autoatendimento em 30 formatos diferentes entre eles, flor, nuvem e borboleta.
O que explica: a diversificação de produtos e de locais de venda (como em condomínios) faz parte das estratégias dos empresários para alavancar o segmento de “vending machines” por aqui.
Também foi reforçada a segurança das operações, para evitar que o consumidor pague pelo produto e não consiga retirá-lo, por exemplo.
Em números:
1 máquina a cada 3.000 pessoas é a relação no mercado brasileiro; nos EUA, há 1 “vending machine” para cada 90 habitantes.
US$ 19,2 bilhões (R$ 97,4 bilhões) foi quanto o setor movimentou no mundo em 2023, um crescimento de 7,3% sobre o ano anterior, segundo a consultoria americana Market Research Future.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress