ITU, SP (FOLHAPRESS) – Nem os raios e os trovões diminuíram o ritmo do primeiro dia de Tomorrowland Brasil. De quinta (12) a sábado (14), 160 artistas foram escalados para se apresentar nos seis palcos do festival de música eletrônica, realizado em Itu, no interior de São Paulo.
O clima não deu trégua no feriado e prejudicou a experiência. Além do trânsito na estrada, a área ficou enlameada e alagada. A programação desta sexta-feira (13) foi cancelada devido às chuvas.
O público do festival vem de diferentes lugares do mundo, onde ravers de cerca de 90 países se programaram para aproveitar o evento. As bandeiras hasteadas na plateia uma forma de encontrar os amigos, mas também de declarar as suas origens não balançavam na quinta-feira, pois estavam cobrindo os corpos encharcados.
No fim da tarde, enquanto Badsista comandava as pick ups do palco Core, uma das novidades do evento, chovia torrencialmente. Misturando batidas de techno e trance, houve ainda espaço para o funk, representado por músicas como “Ladeira de Santo”.
O DJ e produtor musical faz parte da escalação de artistas nacionais, que ocupam metade do line-up. Na sua terceira edição no país, o festival convocou atrações que não se apresentaram em 2015 e 2016, como Eli Iwasa, Valentina Luz, Kenya20HZ, e os misturou a nomes consagrados do cenário internacional, como Tiësto, Nina Kraviz e Martin Garrix.
“Temos menos EDM ou hardcore no palco principal do que 20 anos atrás”, diz Debby Wilmsen, porta-voz oficial do Tomorrowland, criado em 2005 na cidade de Boom, na Bélgica, para se tornar referência na cena eletrônica. É estimado que 180 mil pessoas visitem o parque Maeda para dançar ao som de techno, house, drum’n’bass, dubstep, psytrance, entre outras variações de dance music.
Uma das apostas da edição é a DJ Anna, que tocou em 2016 e anualmente se apresenta na edição europeia. Ela foi escalada para um B2B ”back to back” com a sueca Ida Engberg, privilegiando um techno mais pesado e underground. O Vintage Culture, neste sábado, vai apostar em um mix mais melódico e desacelerado.
Para além da seleção de artistas de peso, os belgas apostam no clima lúdico na cenografia, que se desdobra nos detalhes postes de luz em formato de flores, borboletas estampadas nos guardanapos e canhões de bolhas de sabão. As estruturas foram importadas em 120 contêineres, a montagem aconteceu ao longo de 45 dias e reuniu sete mil colaboradores.
O tema “Reflexo do Amor”, o mesmo da edição de julho, se manifesta no visual geral. O palco principal, por exemplo, possui fontes de água e jatos de fogo, com design que propõe um encontro entre o futurista e o nostálgico. Os telões acoplados na lateral se encaixam numa parede que imita pedra, enquanto o DJ fica no centro da nave espacial de 53 metros de altura, equipada com 200 caixas de som.
O palco Youphoria, por sua vez, ostenta cogumelos gigantes, enquanto o Core tem uma cabeça humana com asas de LED. As luzes e os visuais coloridos são feitos para evocar lisergia. Na contramão de outros eventos de música eletrônica, cuja política de drogas envolve estratégias de reduções de anos, o Tomorrowland é contra os aditivos e usa cães farejadores na entrada.
Somente no acampamento, o DreamVille, 17 mil pessoas estão alojadas desde quarta-feira (11). Uma barraca oficial para duas pessoas chega a custar R$ 10.850, valor que cai para a metade para quem levou a própria tenda. Os ingressos do camping se esgotaram em três horas.
O fervor dos brasileiros com a marca Tomorrowland foi o que a fez retornar após sete anos. Os belgas tentaram em 2019, mas os planos não deram certo e, em seguida, veio a pandemia. “O festival acredita no país, onde a cena eletrônica está em constante evolução e passa por um momento repleto de oportunidades”, diz Wilmsen.
ISABELA YU / Folhapress