Como etapa de surfe em Saquarema foi comparada a Wimbledon e GP de Mônaco

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Conhecidos por sua estrutura e glamour, o GP de F1 de Mônaco (França) e a disputa de tênis em Wimbledon (Inglaterra) são, há anos, expoentes no que se referem a organização de eventos esportivos. Porém, com uma vasta oferta de entretenimento ao público, ideias ousadas e na esteira da chamada “Brazilian Storm”, a etapa do Mundial de Surfe em Saquarema (RJ) surge como “intrusa” popular no seleto grupo de granfinos. Em lista divulgada pela revista “GQ”, a competição que ocorre nas areias da Praia de Itaúna já é considerada um dos grandes torneios para se acompanhar ao vivo no mundo.

Com 100% da rede hoteleira ocupada ano passado e um impacto econômico de R$ 97 milhões, o Vivo Rio Pro se consolidou na cidade de apenas 90 mil habitantes e tornou-se sinônimo de sucesso. A etapa também venceu o prêmio “Marketing Best” na categoria “inovação”.

“Sermos comparados ao GP de Mônaco e a Wimbledon é um reconhecimento nada mal para um evento de surfe como o nosso. Na verdade, nunca tínhamos pensado em receber uma premiação dessa. Ficamos muito satisfeitos porque isso mostra a força desse esporte que é empurrado, obviamente, pelos títulos dos brasileiros, por essa geração maravilhosa. Mas mostra também o capricho que a gente tem fora d’água, em fazer um trabalho condizente ou proporcionalmente belo, assim como os atletas fazem dentro d’água”, afirma Ivan Martinho, presidente da WSL na América Latina, em entrevista ao UOL.

LIBERDADE PARA OUSAR

Um dos pilares para o sucesso tem sido a liberdade dada pela WSL global para ousar nas ideias. Ano passado, por exemplo, a Esquadrilha de Fumaça se apresentou no céu da Praia de Itaúna e a vila dos patrocinadores tinha piscina de ondas, tirolesa, gincanas, brindes e um palco com shows de graça todos os dias.

Este ano, além de tudo isso, ocorrerá pela primeira vez um evento de abertura, nesta sexta (21), com uma apresentação de 200 drones e um show do DJ de hip hop Papatinho. A etapa vai até o dia 30 de junho.

“Acho que temos, sim, autonomia. Depois de cada evento fazemos uma reunião para entender erros e acertos, e o que vimos desde o ano passado foram várias ações sendo implementadas em outros eventos, inclusive no Finals, em Trestles-EUA [evento que define o título]. Coisas que fizemos aqui foram exportadas para lá. É motivo de orgulho”, comentou, complementando:

“É claro que tem ideias que são mais combatidas, outras mais facilmente aceitas, mas acho que temos liberdade de testar, ousar, desafiar e de arriscar, porque tem risco nessas decisões também. Agora faremos uma festa de abertura. Nunca fizemos, então estamos caprichando. Obviamente, o que fazemos é se cercar de gente preparada. O time que está cuidando é especializado nisso, conhece muito de evento noturno, trabalha com festivais de música”.

No Challenger Series de 2023 —espécie de “Série B” do surfe mundial— a etapa de Saquarema ousou mais uma vez e contratou um paraquedista profissional, que desceu na areia para entregar o troféu ao vencedor, algo que Martinho confessa ter gerado apreensão:

“Quando coloquei a ideia pela primeira vez, o jurídico falou: ‘você é louco, né [risos]?’. Parece que tem um risco grande, mas a ação mostrou que não. O Gustavo [paraquedista] pulou com a mesma tranquilidade como se estivesse pulando da cadeira. Não tinha risco nenhum, mas a quantidade de reuniões, precauções e dispositivos de segurança que fizemos para garantir aquilo…”.

REDE HOTELEIRA OCUPADA

A ocupação hoteleira durante os dias da etapa tem sido tão expressiva que tem gerado um impacto econômico em cidades vizinhas da Região dos Lagos (RJ).

“Acaba ultrapassando 100%, na verdade. Faltam quartos e esse transbordo é que acaba beneficiando Búzios, Maricá, Cabo Frio… Porque as pessoas acabam indo para essas cidades. Todos os Airbnbs lotados. E isso atrai outros investidores de hotelaria, restaurantes e tudo mais”, destacou, complementando:

“A gente fica brincando que talvez eu tenha que fazer um mezanino na praia para caber tanta gente [risos]. As fotos são impressionantes”.

ÚNICO ESPORTE QUE VENDEU 5 COTAS NA GLOBO ALÉM DO FUTEBOL

O crescimento do surfe no Brasil também se reflete em termos de transmissão. A modalidade foi a única que atingiu cinco cotas de patrocínio vendidas na TV Globo, além do futebol.

“Cada esporte tem seu pacote diferente que vai ao mercado publicitário. O vôlei tem o seu, o futsal tem o seu, o basquete tem o seu… E nós fomos o único esporte, além do futebol, capaz de vender cinco cotas de patrocínio. Mostra a força, penetração e importância deste esporte”, enfatizou.

GRANDES EMPRESAS E POSSÍVEL PATROCÍNIO DE BETS

O surfe tem conseguido “furar a bolha” de seu nicho. Na etapa de Saquarema, por exemplo, grandes empresas estão como patrocinadoras nos últimos anos, casos de Vivo, Corona, Banco do Brasil, entre outras, deixando para trás o antigo rótulo de incentivos vindos somente do surfwear.

“Essas empresas podem falar com qualquer segmento. Poderiam fazer um reality show qualquer, não é só esporte. Pode ser moda, game, artista, influenciador… Sem dúvida nenhuma, existe também, do nosso lado, nossa capacidade. O que temos feito nesses anos é essa profissionalização para que sejamos capazes não só de atrair esses parceiros mas também mantê-los”, disse, não descartando a possibilidade de um patrocínio de bet futuramente:

“Basicamente, estamos aguardando a regulamentação no Brasil para entender como que isso vai se comportar. Quando a regulamentação sair, vamos ter a possibilidade de querer ou não uma empresa de aposta esportiva. Vemos o tamanho que isso tem no futebol e o dinheiro que movimenta. Então, sem dúvida nenhuma, tem uma oportunidade comercial aí. Mas, para nós, é importante que a questão da regulamentação seja definida”.

BRUNO BRAZ / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS