Como funciona o Cirque du Soleil, que leva espetáculo de gelo ao Rio e a São Paulo

FRISCO, ESTADOS UNIDOS (FOLHAPRESS) – O Cirque du Soleil acaba de voltar ao Brasil, com a estreia do espetáculo “Crystal” no Rio de Janeiro, em que manobras no gelo se somam às aguardadas acrobacias dramáticas dos artistas em cena. Em julho, será a vez de São Paulo receber a apresentação.

Quase como uma mistura de “Alice no País das Maravilhas” e “Divertida Mente”, 44 acrobatas e patinadores funcionam como personagens do mundo fantasioso de –Crystal uma menina que tem problemas na escola e com a família e encontra na patinação um refúgio.

A temporada começou em fevereiro em Frisco, no Texas, agitando a paisagem preenchida por picapes e vegetação seca. Nos bastidores, uma engrenagem de dezenas de máquinas de lavar roupas, costureiras, maquiadores e figurinistas funciona sem parar, dando uma ideia do que é preciso para manter a multinacional circense.

Destaques do entretenimento por séculos, os circos declinaram no século 20. Foi em 1984, já com televisão e megashows de rock, que o Cirque du Soleil foi fundado, no Canadá. Hoje, a companhia emprega cerca de 4.000 pessoas, incluindo 1.200 artistas de todo o mundo.

Apesar dos 17 shows que acontecem simultaneamente pelo mundo, a formação dos artistas é centralizada em Montreal. Ocasionalmente, o circo abre um processo seletivo, e os selecionados precisam se mudar para o Canadá.

O patinador Michael Helgren, de 35 anos, que faz parte do elenco de “Crystal”, entrou para a companhia na terceira tentativa. Profissional desde os 19 anos, ele chegou a patinar em espetáculos da Disney on Ice, mas queria performances que exigissem o máximo de seu corpo.

“Antes de entrar para o Soleil, estávamos acostumados com outros patinadores ao nosso redor, não com pessoas sendo jogadas no ar”, diz. “Quando você está aqui, sabe que está no topo da cadeia de acrobatas.”

No momento em que o trabalho enfrenta a uberização e o teatro precisa superar as baixas bilheterias, estar na companhia também é sinônimo de estabilidade, ele diz. “Nosso espetáculo vai terminar em um ano e meio, mas a direção disse que pretende nos realocar em outros shows ou ensinar movimentos diferentes para nos manter na indústria.”

Nos bastidores de “Crystal”, em meio ao emaranhado de cabos pelo chão que ligam um equipamento de som a outro de luz, até uma academia se ergue no camarim. Artistas treinam bíceps, abdômen e coxas quando não são vistos, já que segurar uns aos outros no ar –e agora sobre o gelo– é um dos números mais aguardados pelo público, que solta gritinhos de empolgação a cada pirueta e grita ao palhaço, quando ele entra atirando bolas de neve na plateia.

“Isso remonta aos ideais circenses. As pessoas não tinham medo de reagir. Depois, alguma coisa aconteceu, e elas sentem que devem sentar no escuro das cadeiras da plateia e não falar nada”, diz Crystal Manich, diretora artística do espetáculo.

Mesmo que hoje o entretenimento esteja a um clique de tela, Manich explica o sucesso do circo por seu “caos organizado”, com estímulos constantes acontecendo a todo momento no palco. “É muita coisa para ver e, ao mesmo tempo, conseguimos contar histórias por meio do circo”, diz. “Temos o mesmo trapezista em todos os shows, e ainda assim as pessoas vêm de novo. É porque cada vez o trapézio será usado de um jeito diferente para contar uma história.”

A jornalista viajou a convite da produção.

CRYSTAL

Quando: Até 23 de junho no Rioarena, no Rio de Janeiro, e de 5 de julho a 6 de outubro no parque Villa-Lobos, São Paulo

Onde: Rio de Janeiro e São Paulo

Preço: De R$ 361 a R$ 1.270

ALESSANDRA MONTERASTELLI / Folhapress

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