Como o advogado dos Menendez pode usar série para reverter prisão perpétua

LOS ANGELES, EUA (FOLHAPRESS) – A nova série “Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais”, um novo capítulo da antologia “Monstros”, de Ryan Murphy, deve mais uma vez moldar a opinião pública em torno do caso de parricídio cometido 35 anos atrás por Erik e Lyle Menendez.

Uma das principais forças motrizes do roteiro dos nove episódios, lançados nesta quinta-feira pela Netflix, é o abuso sexual que os irmãos afirmam ter sofrido por parte de seu pai, José Menendez, com consentimento da mãe, Kitty.

Ao serem questionados sobre por que este seria o momento ideal para revisitar o caso, os produtores e atores do programa lembraram a importância que essa questão ganhou nos últimos anos, num cenário diferente daquele que os irmãos encontraram em seus julgamentos nos anos 1990.

O advogado dos Menendez, Cliff Gardner, está de olho nisso. No ano passado, ele pediu que a sentença de prisão perpétua imposta aos irmãos seja revertida, usando como principal argumento uma relevação que surgiu numa outra série, esta lançada há cerca de um ano, “Menendez + Menudo: Boys Betrayed”, que não está disponível no catálogo de nenhuma plataforma no Brasil.

Na produção de três episódios, Roy Rosselló, dos Menudos, conta ter sofrido violência sexual de José Menendez quando era adolescente. Segundo seu relato, ele teria sido oferecido por seu próprio empresário ao homem, que era um executivo com muito poder no selo de música latina de uma das maiores gravadoras americanas.

A revelação deu força ao relato dos irmãos, de que teriam atirado apenas porque receberem uma ameaça de morte do pai após um confronto que tiveram em relação ao abuso sexual que sofriam.

Dois primos de Erik e Lyle, Andy Cano e Diana Vander Molen, testemunharam a favor dos irmãos, confirmando que eles eram mesmo vítimas de abuso, nos anos 1980. A história já foi suficiente para mexer com os ânimos do júri, tanto que o primeiro julgamento, televisionado do início ao fim nos Estados Unidos, terminou com empate do júri.

A Justiça americana ordenou um novo júri e proibiu a defesa de revisitar os argumentos de abuso, incluindo o testemunho que havia sido dado pelos primos.

Com a nova série, que tem uma audiência mais ampla do que as obras anteriores que retrataram o caso, o argumento tende a ser fortalecido e pode mudar a condenação dos irmãos, que viraram mártires de abuso sexual entre os jovens no TikTok. Eles publicam vídeos dizendo que Erik e Lyle agiram em legítima defesa e, portanto, deveriam ser soltos.

PEDRO MARTINS / Folhapress

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