Como o agronegócio do Brasil pode ganhar com tarifas dos EUA, iPhone pode ficar mais caro e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Como o agronegócio do Brasil pode ganhar com as tarifas de Donald Trump, iPhone pode ficar mais caro do que já é e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (14).

**É CAMPEÃO?**

O mundo está estarrecido com as tarifas impostas por Donald Trump –ainda que a maioria esteja suspensa.

Nos últimos dias, os especialistas remoeram a situação um milhão de vezes. Alguns chegaram na seguinte conclusão: o Brasil pode se beneficiar com as tarifas –em certos aspectos.

Antes, uma atualização. Assim está a guerra de tarifas:

– Os EUA impuseram uma alíquota de 145% sobre produtos chineses que entrarem lá;

– Na China, a taxa para a importação de produtos americanos é de 125%.

AGRO É POP

Em uma análise para o jornal britânico Financial Times, economistas destacaram o impulso que a redução do comércio entre as duas maiores pontências econômicas pode dar ao agronegócio brasileiro.

Isso porque a China procura cada vez mais a América Latina como uma fonte de produtos como soja e carne bovina –que, há algum tempo, compravam dos americanos.

Em 2024…

– Os EUA exportaram US$ 12,8 bilhões (R$ 75,1 bilhões) em soja para a China, segundo o Departamento de Censo do país;

– As exportações de soja brasileira para o país asiáticos ultrapassaram US$ 30 bilhões (R$ 176,1 bilhões).

A tendência é que o degrau cresça com a guerra comercial. A soja brasileira –que já alcançava preços melhores que a americana antes das taxas– deve ganhar (mais) espaço nas importações chinesas.

PARA A POSTERIDADE

Os efeitos da substituição não devem ser momentâneos, na análise dos especialistas. A coisa pode azedar para o agro americano mesmo com a extinção das tarifas.

Os embarques agrícolas dos EUA para a China caíram 54% em janeiro em comparação com o ano anterior;

A Pequim bloqueou uma parcela das exportações de carne bovina americana para o país, avaliada em US$ 1,6 bilhão (R$ 9,39 bi).

Mas…é bom lembrar que, enquanto o Brasil pode tirar uma casquinha de um lado e ser mordido do outro. Enquanto o agronegócio se beneficia, a indústria siderúrgica e a de combustíveis se preocupam.

**IPHONE DO MILHÃO**

Se tem uma coisa que Trump não é, é bobo. Na noite de sexta-feira (11), o presidente americano anunciou que produtos como computadores, smartphones, chips e outros “gadgets” estariam isentos das tarifas recíprocas.

O líder não teve um repente de bondade. Ele está tentando defender algumas indústrias valiosas dos Estados Unidos que dependem de outros países para funcionar. Ainda sim, a suspensão não deve durar muito.

👾 Do que é feito um chip? De várias partezinhas importadas de todo o canto do mundo. Uma boa parte delas, da China –hoje com encargos de 145%.

Os EUA são os principais produtores de alta tecnologia e, para manter o posto, precisam desses materiais.

– Um exemplo clássico é a Nvidia, empresa que ganhou muito dinheiro ao produzir chips para inteligência artificial;

– Sediada em solo americano, ela depende muito de metais extraídos na China e em outras nações.

Os chineses comemoraram a decisão. O Ministério do Comércio chinês inclusive afirmou que o anúncio constituía um “pequeno passo” e que o país estava “avaliando o impacto” da medida.

Mas…os encargos tarifários não foram totalmente suspensos. Os chineses ainda enfrentam a tarifa de 20% sobre as importações nos EUA, a primeira imposta pelo governo Trump.

Ainda, o secretário de Comércio americano afirmou ontem que os produtos estão apenas “sendo alocados para uma categoria tarifária diferente”.

O presidente republicano está determinado a levar toda essa indústria para os EUA. Ele reforçou em suas redes sociais que “está analisando a cadeia produtiva de semicondutores”. Ou seja, lá vem chumbo.

IPHONE (MAIS) CARO

Se novas tarifas específicas forem aplicadas a produtos derivados de semicondutores, como os smartphones, algumas marcas americanas vão sofrer.

Em relatório publicado antes da decisão, a consultoria TechInsights, voltada à indústria de semicondutores, afirmou que a fabricação nos EUA de um iPhone, hoje enraizada na China, poderia elevar o preço do smartphone a US$ 3.500 (R$ 20,5 mil).

Hoje, um iPhone 16 Pro com 256 GB de armazenamento, usado como base no cálculo, custa US$ 1.099 (R$ 6.451), sem impostos adicionados.

**DESABAFOS ENTRE COLEGAS**

Enquanto Trump dá a festa da tarifa, bilionários brasileiros se reúnem no quintal dele para analisar os últimos acontecimentos da economia global. No fim de semana, aconteceu a Brazil Conference, em Cambridge, no estado americano de Massachusetts.

O evento é organizado por estudantes brasileiros das universidades MIT (Massachusetts Institute of Technology) e Harvard, e reuniu alguns dos nomes mais pesados da economia brasileira. Vamos ao que foi dito por lá.

RINGUE IMAGINÁRIO

Uma das mesas colocou dois nomes improváveis na mesma sala. André Esteves, chairman do BTG Pactual, e Jorge Paulo Lemann, que já esteve no comando da Lojas Americanas.

Eles se enfrentaram há pouco tempo na Justiça por meio de suas empresas. Na época em que o escândalo da varejista estourou o banco era um de seus principais credores.

Em uma ação em que pedia o bloqueio de recursos da varejista, o BTG chegou a chamar o trio de acionistas de referência da empresa de “fraudadores que dão ‘uma de maluco’”.

Eles não mencionaram a situação, nem Esteves falou sobre o caso do Banco Master, no qual seu nome apareceu como um dos possíveis compradores de fatias da instituição –informação negada pelo BTG.

DESABAFO

Eles falaram bastante sobre a política tarifária de Trump. Esteves afirmou ver as medidas do republicano como “um horror econômico, geopolítico e moral”. Lemann disse que a política comercial adotada por Trump está confusa “demais para o seu gosto”.

NO FREEZER

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, defendeu que o aumento real do salário mínimo fosse congelado por seis anos.

A medida, que ele admite ser impopular, serviria para segurar os gastos públicos brasileiros, sobretudo com a previdência social e o funcionalismo público. Ele afirmou que o Brasil é “um paciente na UTI”.

**EM NOME DO PIX**

Falar sobre o CNPJ de instituições religiosas é um assunto espinhoso. E é nele que vamos tocar hoje.

O pastor e líder global da Igreja da Lagoinha, André Valadão, e sua esposa, a influenciadora digital Cassiane Montosa Pitelli Valadão, criaram um banco digital para fiéis e pastores.

A igreja batista comandada por Valadão hoje acumula 700 unidades em diversos países.

O QUÊ?

O Clava Forte Bank se define, em uma das postagens do Instagram oficial, como “um banco criado para impulsionar os projetos do Reino de Deus”.

Segundo o site do Serasa, o Clava Forte e a igreja Lagoinha estão no mesmo prédio em Belo Horizonte.

Procurado pela Folha de S.Paulo, o Clava Bank informa ser uma solução privada e exclusiva para o ecossistema da Igreja Batista da Lagoinha, voltada exclusivamente ao atendimento de suas igrejas, pastores, lideranças e projetos institucionais.

↳ O nome é referência aos versos do hino nacional “mas se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta”.

PARA QUÊ?

A proposta declarada é prestar serviços financeiros para instituições eclesiásticas, pastores e fiéis. Mas não está claro como isso vai acontecer. Não foi divulgado o número de clientes nem valor movimentado até o momento.

Na seção de perguntas e respostas do site do Clava Bank, a instrução para se tornar cliente é clicar no botão “abrir a conta” e anexar documentos. Mas para se cadastrar é preciso ter um código de convite. O mesmo acontece no aplicativo para as versões iOS e Android.

“O Clava Forte Bank nasceu da necessidade de fornecer soluções financeiras adaptadas às instituições cristãs, reconhecendo suas necessidades específicas e os desafios que enfrentam no mercado financeiro tradicional”, diz o banco em site.

NA PRÁTICA

Os serviços oferecidos são de cartões de crédito pré-pagos “adaptados às necessidades das instituições cristãs”, gestão de contas digitais para elas e para pastores; e linhas de crédito para entidades religiosas. Também há oferta de seguros, cashback e marketplace.

CASOS DE FAMÍLIA

No final do ano passado, André entrou em conflito com as irmãs Ana Paula e Mariana (também pastoras) por suposto uso indevido da marca e divergências quanto ao comando da igreja.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Todo mundo quer. Advogados e fintechs brasileiros exportam o sucesso do Pix, que chama a atenção de outros países.

Correio elegante. Os táxis sem motoristas (os quais já falamos sobre na newsletter) viraram pombos-correio de bilhetes amorosos e classificados de empregos.

Aprenda a investir. Os Fidcs deixaram de ser populares somente entre instituições financeiras e conquistaram as pessoas físicas. Saiba como investir nesse ativo espinhoso.

É meu e ninguém pega. São Paulo, Minas e mais quatro estados resistem à tributação progressiva de herança.

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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