Como o filme ‘Elio’, da Pixar, foi feito sob a pressão de seguir ‘Divertida Mente 2’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Se o filme “Elementos”, do ano passado, foi a pior estreia da história da Pixar, “Divertida Mente 2”, lançado em julho, acabou com qualquer desconfiança de que o estúdio pudesse estar enfrentando uma nova crise. O longa se tornou o mais visto do ano, tendo feito US$ 1,6 bilhão de bilheteria no mundo, e, assim, virou a animação mais vista nos cinemas de todos os tempos.

O recorde pressiona seu sucessor, “Elio”, trama que a Pixar vai lançar no ano que vem. É o que afirma Jonas Rivera, produtor do estúdio que está em São Paulo para participar da D23, a feira de lançamentos da Disney.

“É mais difícil quando lançamos uma história com a qual as pessoas não estão familiarizadas. Precisamos estabelecer a estética, os personagens, tudo”, diz ele, que além de “Elio”, fez outros sucessos do estúdio, como o primeiro “Divertida Mente”, “Up – Altas Aventuras” e “Toy Story 4”. “O público ama o que já conhece.”

“Elio”, previsto para sair em junho de 2025, conta a história de um menino que é abduzido por alienígenas e acidentalmente se torna o embaixador intergaláctico do planeta Terra. Depois de “Wall-E” e “Lightyear”, este é mais um filme da Pixar a flertar com ficção científica.

O sucesso de “Divertida Mente 2” não muda o peso das histórias originais nas mesas de criação do estúdio, afirma Rivera. “Estamos orgulhosos que ‘Divertida Mente 2’ foi tão bem recebido, mas isso não nos faz pensar em fazer um terceiro ou em fazer somente sequências. Tentamos manter um equilíbrio.”

Afinal, histórias inéditas como “Luca”, “Red – Crescer É uma Fera” e “Soul”, que venceu o Oscar, foram muito bem recebidos pelo público, ainda que seja difícil contabilizar sua performance em números, já que saíram direto no streaming durante a pandemia.

O estúdio vinha passando por uma crise. Lançou “Lightyear” em 2022, um derivado do universo de “Toy Story”, mas que não empolgou. Antes, em 2020, “Dois Irmãos” mal pôde ser exibido porque estreou dias antes da pandemia. Ficou num limbo.

E o mais recente, “Elementos”, até conseguiu bom desempenho nas bilheterias ao longo do ano, mas nada parecido com o valor arrecadado por novos capítulos de filmes favoritos do público, como “Toy Story 4”, de 2019, e “Procurando Dory”, de 2016, ambos tendo feito mais de 1 bilhão em bilheteria. A Pixar vê sequências como uma chance de visitar velhos amigos, diz Rivera.

Ele, inclusive, teria hesitado em relação a fazer um quinto “Toy Story”, anunciado para 2026, mas se convenceu quando ouviu a ideia. O filme deve mostrar crianças preferindo brincar com celulares e tablets do que com brinquedos.

“Elio” deveria ter sido lançado em fevereiro deste ano, mas teve a estreia adiada por causa da greve dos atores e roteiristas que paralisou Hollywood por 118 dias no ano passado.

E a Pixar notou que o filme precisava de ajustes. “Pensamos que poderia melhorar. Às vezes nos questionamos se há muitos ingredientes nas histórias, e elas precisam de um pouco mais de tempo”, diz Rivera.

“Divertida Mente 2” fala de transtorno de ansiedade, um dos males do século que afeta de forma crescente adultos e crianças. Apesar do tema delicado, o estúdio não esperava que fosse emocionar tanta gente, diz Rivera, que atribui o sucesso a um preceito antigo da Pixar —animar aquilo que é inanimado para desvendar emoções.

“Elio”, então, deve fazer algo parecido. Ao levar um terráqueo para o espaço sideral, diz o produtor, a Pixar quer discutir a necessidade de pertencimento que existe em todos nós.

ALESSANDRA MONTERASTELLI / Folhapress

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