Como Puerto Vallarta, no México, foi de vila desconhecida a refúgio de veraneio LGBT

PUERTO VALLARTA, MÉXICO (FOLHAPRESS) – “Aqui é uma cidade muito segura, principalmente para a comunidade LGBTQIA+.” Essa é uma frase comum de se ouvir ao chegar em Puerto Vallarta, a deslumbrante cidade mexicana na costa do Pacífico que vem atraindo a atenção não apenas por sua beleza natural, mas também por seu foco no turismo LGBT+.

Carinhosamente chamada de “Cancún dos gays”, a cidade está localizada no oeste do México, no estado de Jalisco, na região conhecida como Banderas, uma ampla baía cercada por montanhas e praias deslumbrantes. Da capital do país, um voo de uma hora e meia desembarca no aeroporto internacional da pequena cidade.

Enquanto os arredores do aeroporto concentram os resorts mais luxuosos da região, no outro extremo da cidade, no sul, fica a Zona Romântica -assim chamada pela alta concentração de bares e bordéis que definiam o bairro periférico há décadas atrás. A má fama, no entanto, não foi um impeditivo para que Richard Burton fosse até lá em 1963 para filmar “A Noite de Iguana”, lançado no ano seguinte.

Com as gravações, Elizabeth Taylor, então queridinha de Hollywood, passou a visitar a cidade. A atriz não estava no elenco do filme, mas era amante de Burton na época. O frenesi da mídia em torno das festas promovidas por Taylor desempenharam um papel fundamental na transformação da cidade em um refúgio para a comunidade LGBT+.

Graças às farras da atriz e sua equipe, acredita-se, que muitos gays americanos e canadenses começaram a se interessar pela cidade, estabelecendo ali bares, restaurantes, baladas e hotéis dedicados à comunidade. Hoje, até mesmo farmácias recebem o público LGBT+ calorosamente e com bandeiras do arco-íris nas fachadas.

“Ruas repletas de grupos, casais ou viajantes solitários da comunidade LGBT+ tornam incrivelmente fácil fazer novas amizades, seja à beira-mar ou nos bares da região”, relata Gustavo Ribeiro, advogado brasileiro que explorou a cidade em julho deste ano. “Em todos os momentos, me senti acolhido e seguro.”

Embora desafios de segurança ainda afetem a comunidade LGBT+ em algumas partes do México, em Puerto Vallarta a história é outra. “É um dos lugares onde mais me senti seguro na vida. Voltava a pé da boate às 4 ou 5 da manhã sem medo algum. Não havia olhares hostis de homofobia, nem o receio de ser assaltado”, diz Thiago Coacci, outro advogado brasileiro que visitou a cidade este ano.

A sensação de acolhimento vai além da segurança. Coacci explica sobre o sentimento de pertencimento que LGBTs encontram na cidade.

“Sabe aquela sensação de quando você está em uma parada LGBT+, olha para os lados e percebe que ali, naquele momento, você não é minoria? Então, é uma sensação similar a essa, mas constante”, explica o advogado, que mora em Belo Horizonte. “Eu já vivo em uma cidade razoavelmente acolhedora, mas é bem diferente estar em um lugar onde a maioria das pessoas na rua são gays e que todos os estabelecimentos já estão preparados para acolher pessoas LGBTs”, relata o advogado.

Até hoje, a maior parte dos turistas que circulam pelas ruas da pequena cidade mexicana é de americanos, atraídos principalmente pela facilidade de acesso -Puerto Vallarta está a no máximo quatro horas de voo das principais cidades dos Estados Unidos, como Los Angeles, San Francisco, Atlanta e Chicago. O câmbio favorável aos norte-americanos também ajuda.

“Puerto Vallarta é uma das viagens internacionais mais acessíveis que já fiz. As passagens de avião são relativamente baratas e há muitas opções de bons lugares bons para se hospedar por preços bem atrativos”, conta o produtor de conteúdo americano Tommy Alexander. “Fiquei em um dos resorts mais agradáveis da região, e como era fora de temporada, me deram um desconto considerável, que deixou tudo muito acessível.”

O ator esteve na cidade a primeira vez para praticar surfe, mas foi em julho deste ano que ele explorou a zona romântica de Puerto Vallarta.

“Há gays por toda parte, e pude perceber que os moradores locais se sentiam confortáveis conosco. Seja pegando um táxi ou comendo em um restaurante usando uma das minhas camisetas curtas ou camisas de tela, me senti à vontade e como se estivesse na maioria, em vez de ser minoria, como na maioria dos lugares para os quais viajo”, ressalta Alexander.

Entre as inúmeras opções que a Zona Romântica oferece, algumas são indispensáveis – especialmente em uma primeira visita à cidade. O antigo clube noturno “The Palm”, agora chamado de “La Noche”, é um dos mais tradicionais do bairro. Foi aberto no começo dos anos 2000 e se orgulha de receber tanto turistas quanto locais, que se aglomeram para curtir os shows de drag queens e para apreciar a linda vista do seu rooftop. Também famoso pelos shows de drags, o Paco’s Ranch é outra opção certeira para uma noite de diversão.

Para curtir o dia, a Playa de Los Muertos é o principal ponto de encontro para a comunidade LGBT – com toda a ferveção típica dos balneários gays. Para os dias que pedem mais sossego, vale visitar a Praia Conchas Chinas ou a Praia de Las Gemelas, ambas cercadas por paisagens naturais surpreendentes.

ALEXANDRE PUTTI / Folhapress

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