Como sobe e desce de temperatura em SP pode prejudicar a saúde

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moradores da cidade de São Paulo vivenciaram recordes de baixas temperatura para o ano nos últimos dois dias. No sábado (10), os termômetros alcançaram 9,1ºC. Na manhã deste domingo (11), a mínima registrada foi de 7ºC e a máxima chegou a 20,2°C, segundo dados do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas).

O sobe e desce das temperaturas afeta o corpo e faz aumentar a chance de diversas condições de saúde. As mais comuns incluem resfriados e gripes, mas também pode agravar doenças crônicas como asma e enfisema.

Isso acontece porque o choque térmico pode enfraquecer as defesas do organismo, além de afetar a mucosa respiratória do nariz, da garganta, da traqueia e dos pulmões, responsáveis pela proteção imunológica.

Segundo o infectologista Fernando de Oliveira, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Luiz Morumbi, da Rede D´Or, problemas cardíacos e dermatológicos também podem ocorrer.

“O nosso coração acaba tendo que trabalhar mais para manter a nossa temperatura corporal adequada e isso também pode desencadear doenças cardíacas. Em algumas situações, quem tem doença de pele também pode sofrer nessa época do ano”, afirma.

QUAIS OS EFEITOS DO SOBE E DESCE DA TEMPERATURA NO CORPO?

Quando a temperatura cai bruscamente, o corpo precisa trabalhar mais para manter a temperatura interna estável, o que pode enfraquecer o sistema imunológico e deixar o organismo mais suscetível a infecções respiratórias, como gripes e resfriados.

Na tentativa de manter a temperatura ideal, o coração também é afetado, porque precisa bombear mais sangue para o corpo. Isso pode aumentar o risco de problemas cardíacos, especialmente em pessoas com comorbidade.

As oscilações também podem agravar doenças crônicas, como asma e enfisema, já que o ar frio irrita as vias respiratórias.

O frio também deixa a pele mais seca e algumas complicações podem aparecer, como dermatite seborreica (descamação), dermatite atópica (coceira), psoríase (manchas vermelhas) e ictiose (ressecamento).

POSSO PEGAR RESFRIADO OU GRIPE SÓ POR ESTAR EXPOSTO AO FRIO?

Andar descalço, ficar com o cabelo molhado, sair sem agasalho e tomar banho gelado não vão causar doenças respiratórias diretamente, mas podem aumentar os riscos de contrair algo.

“Nessa situação, o corpo perde calor mais rápido do que consegue produzir, o que pode ser muito prejudicial”, afirma Oliveira. “Isso enfraquece a defesa natural do corpo, facilitando a invasão de vírus e bactérias no nosso organismo”.

Além disso, a combinação de baixa temperatura e ambientes fechados ou com pouca circulação de ar favorece a transmissão de vírus respiratórios, porque vão ter a chance de se espalhar com mais facilidade.

QUAIS OS SINAIS DE QUE O FRIO ESTÁ AFETANDO MINHA SAÚDE?

Em períodos prolongados de frio, o corpo pode entrar em um estado de hipotermia, em que perde calor mais rápido do que consegue produzir.

Tremores, fraqueza, sensação de mal-estar e confusão mental são os primeiros sinais desse quadro.

Se a exposição ao frio continuar, os sintomas podem se agravar, resultando em pele azulada, batimentos cardíacos e respiração mais lentos, e eventualmente perda de consciência.

É preciso estar atento a esses sinais em crianças pequenas e idosos, que têm maior dificuldade em regular a temperatura do corpo.

O QUE É PIOR: FRIO INTENSO OU MUDANÇAS BRUSCAS DE TEMPERATURA?

Segundo Oliveira, o ser humano consegue lidar melhor com temperaturas frias extremas do que com calor intenso, desde que esteja adequadamente protegido.

No entanto, as mudanças bruscas de temperatura podem ser mais prejudiciais, uma vez que o corpo precisa se adaptar rapidamente, e isso nem sempre acontece de forma eficiente.

“Estudos epidemiológicos mostram que a mortalidade tende a ser maior em períodos de frio extremo”, diz.

A situação é ainda mais grave em países como o Brasil por fatores como vulnerabilidades socioeconômicas e escassez de habitações preparadas para conter o frio.

COMO POSSO FORTALECER A IMUNIDADE CONTRA MUDANÇAS BRUSCAS DE TEMPERATURA?

Manter uma alimentação balanceada, rica em nutrientes que reforçam o sistema imunológico, é importante.

A vacinação em dia também pode prevenir e diminuir os riscos mais graves de doenças infecciosas.

Também é recomendável evitar mudanças bruscas de ambiente, como sair de um local muito quente para um muito frio, porque pode desestabilizar o corpo.

A prática regular de atividades físicas ajuda a manter o organismo forte, mas deve ser adaptada às condições climáticas, evitando exercícios ao ar livre em horários de extremo calor, frio ou tempo seco.

A higienização das mãos é uma medida simples, mas eficaz para prevenir infecções em qualquer condição climática.

VITOR HUGO BATISTA / Folhapress

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