RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A troca no comando técnico do Flamengo, com a demissão de Sampaoli e a contratação de Tite, entrou na cena política e já esquenta o clima entre grupos políticos pouco mais de um ano antes da eleição no clube.
A recente movimentação da diretoria no futebol agitou os bastidores entre conselheiros de oposição e de situação.
A eleição presidencial rubro-negra vai acontecer “no primeiro decêndio do mês de dezembro”, como rege o estatuto, do ano que vem, e o tema já mexe com o dia a dia na Gávea.
Dias após a demissão de Sampaoli, alguns conselheiros pediram a designação de uma Comissão Provisória de Inquérito (“CPI”) diante do montante pago pela atual diretoria em multas rescisórias.
“Muito além das demissões em si, que, afinal, não chegam a ser uma novidade no ambiente do futebol brasileiro ou mesmo no Flamengo, o que chama atenção é a completa desídia do Sr. Presidente no trato da questão das elevadas multas contratuais. Afinal, se 1 treinador é demitido em média a cada 6 meses por conta de suas escolhas pessoais (…), o mínimo que se deveria prever seriam mecanismos de proteção dos cofres do clube para reduzir ou evitar as multas astronômicas que o clube paga sem qualquer cerimônia”, diz trecho do documento.
Jorge Sampaoli tinha contrato até dezembro de 2024. Desde 2019 e contanto com o caso mais recente, o clube rubro-negro teve cerca de R$ 51,1 milhões pagos em rescisão.
O argentino foi o quinto treinador que deixou o clube com necessidade de multa. Nos outros casos, Abel Braga abriu mão ao saber da negociação com Jorge Jesus, e o português escolheu sair depois da proposta do Benfica. Renato Gaúcho e Dorival Jr não renovaram ao fim do vínculo.
Por outro lado, grupos alinhados à atual diretoria, publicaram uma carta aberta de boas-vindas a Tite e “cutucaram” a oposição.
“Temos confiança de que a escolha desse profissional de alto calibre irá coroar a atual administração com mais um ano de conquistas e glórias, deixando um legado vitorioso para o futuro da instituição. Não podemos permitir que manobras políticas de baixo nível busquem desestabilizar nossa instituição, o Clube de Regatas do Flamengo, que conta com dezenas de profissionais vitoriosos, em um movimento meramente oportunista e eleitoreiro”, registra uma parte do texto.
Tite foi anunciado na segunda-feira, com contrato até o fim de 2024, quando termina o mandato de Landim.
O atual presidente está à frente do clube desde 2019. Foram dois mandatos e não há mais a possibilidade de reeleição.
Landim ainda não anunciou oficialmente o candidato de situação. Rodrigo Dunshee, atual vice Geral e Jurídico aparece como um dos cotados.
Presidente do Conselho de Administração, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, é um dos nomes que surgem como possíveis candidatos.
A oposição conversa e não está descartada uma aliança em prol de um candidato único.
CLIMA QUENTE NO DELIBERATIVO
Há pouco mais de um mês, uma reunião do Conselho Deliberativo terminou em confusão e teve a sessão suspensa.
O tumulto ocorreu quando os conselheiros votavam a emenda que proíbe acumulação de cargos eletivos dentro e fora do Flamengo. Esta proposta, se aprovada, impediria uma candidatura do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, que atualmente é deputado federal.
Depois de muita polêmica, os conselheiros responsáveis pela emenda mais polêmica a retiraram de pauta, dando fim ao imbróglio.
ALEXANDRE ARAÚJO / Folhapress