SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A empresa Azerbaijan Airlines afirmou nesta sexta (27) que investigações preliminares mostram que o avião que caiu no Cazaquistão sofreu “interferência física e técnica externa”.
A queda da aeronave, fabricada pela Embraer, aconteceu na quarta-feira (25) no Cazaquistão deixando 38 mortos entre 67 ocupantes.
Uma das hipóteses investigadas é que o avião teria sido abatido acidentalmente por um míssil antiaéreo quando se aproximava de Grozni, capital da república russa da Tchetchênia, para pousar. A informação foi levantada por investigadores do Azerbaijão e repassada de forma anônima a agências de notícias.
A possibilidade, conforme a Folha de S.Paulo adiantou na quarta, decorre da análise de danos à cauda do Embraer E-190, que ficou quase intacta após a tentativa de pouso sem controle por parte dos pilotos em Aktau, na costa leste do mar Cáspio.
A aeronave havia partido de Baku, a capital do Azerbaijão, e se dirigia a Grozni, capital da república da Tchetchênia, na Rússia.
O voo de número de J2-8243 foi forçado a fazer um pouso de emergência a 3 km de Aktau, cidade que fica na margem oposta do mar Cáspio em relação ao Azerbaijão e à Rússia.
Também nesta sexta, o órgão russo de fiscalização da aviação civil, Rosaviatsia, disse que o avião decidiu desviar de sua rota original devido à densa neblina e a um alerta local sobre drones ucranianos.
Dmitri Yadrov, diretor da agência, afirmou no Telegram que a situação no aeroporto de Grozni na quarta-feira era “muito difícil” devido aos ataques de “drones militares ucranianos”.
“Naquele momento, drones militares ucranianos lançaram ataques terroristas contra infra-estruturas civis nas cidades de Grozni e Vladikavkaz”, disse Yadrov. O órgão afirmou que o piloto recebeu a oferta de outros aeroportos para pousar, mas escolheu Aktau, do Cazaquistão.
O desvio aconteceu em uma área ao sul da Rússia onde o país usa com frequência sistemas de defesa aérea contra drones ucranianos.
A queda ocorreu pouco depois de drones ucranianos atingirem a região, e mais ou menos no mesmo horário, o aeroporto de Makhachkala, terminal russo mais próximo de onde o sinal do voo desapareceu, ficou fechado ao tráfego aéreo, disse um funcionário do local à agência Reuters possivelmente em razão do ataque.
Um passageiro do voo disse à agência Reuters do hospital que houve pelo menos um grande estrondo quando a aeronave se aproximava de seu destino original, Grozni.
“Achei que o avião fosse se desintegrar”, disse Subhonkul Rakhimov. “Era óbvio que o avião tinha sido danificado”, continuou. “Era como se a aeronave estivesse bêbada.”
Outra passageira no avião disse à Reuters que também ouviu um barulho alto.
“Fiquei muito assustada”, disse Vafa Shabanova, que afirmou ter ouvido um segundo estrondo. Uma comissária de bordo disse a ela para ir para a parte de trás do avião.
Os dois passageiros disseram que parecia haver um problema com os níveis de oxigênio na cabine após o estrondo.
A Azerbaijan Airlines afirmou nesta sexta que iria suspender voos para sete cidades russas, de acordo com informações da Interfax. A agência de notícias russa também confirmou que a companhia vai continuar operando voos para seis outras cidades russas, incluindo Moscou e São Petersburgo.
O fato de o avião, um Embraer E-190, ter produção brasileira permite que o país participe das investigações por meio do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB (Força Aérea Brasileira), e da própria Embraer. É esperado que representantes brasileiros cheguem hoje ao local de investigação.
Questionado se defesas aéreas russas haviam derrubado a aeronave por engano, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse na sexta-feira que não tinha nada a acrescentar e que não faria nenhuma avaliação até que a investigação oficial terminar.
Redação / Folhapress