CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Uma das comportas do sistema de proteção contra as cheias no lago Guaíba, em Porto Alegre, foi danificada pela força da água e acabou vazando na madrugada desta terça-feira (21). Ruas da região do Quarto Distrito ficaram alagadas.
O sistema de proteção possui 14 comportas, mas sete delas ficam fechadas permanentemente. Nesta segunda (20), por causa da elevação do nível do Guaíba, todas as demais sete comportas começaram a ser fechadas.
Segundo o engenheiro Maurício Loss, diretor-geral do Dmae (Departamento de Água e Esgotos), autarquia ligada à Prefeitura de Porto Alegre, a comporta danificada está “fechada e inutilizada há muitos anos e é de difícil acesso”.
“Por causa disso, não conseguimos ontem [segunda-feira, 20] fazer uma contenção prévia com sacos de areia, e a força da água acabou deslocando um pouco uma das partes da comporta”, disse ele à Folha.
O vazamento da água do lago Guaíba avançou para toda a região próxima. Atingiu trilhos dos trens da Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre) e alagou também uma parte da avenida Sertório.
“Vamos fazer um dique de contenção para esta comporta. Soterrar, fazer uma contenção, e depois tentar soldar a comporta. Estamos trabalhando desde a madrugada para solucionar o problema”, diz Loss.
De acordo com a Trensurb, as estações Mercado, Rodoviária e São Pedro seguem fechadas nesta terça.
Por causa da cheia do Guaíba, a Defesa Civil de Porto Alegre diz que atua nas regiões ribeirinhas desde domingo (19). O bairro mais afetado até o momento na cidade é o Arquipélago, composto de algumas ilhas, cinco delas povoadas.
As remoções de moradores, segundo a Defesa Civil, tiveram início na noite de domingo. No total, 107 pessoas (75 adultos e 32 crianças) já foram retiradas de suas residências e levadas para abrigos ou para casas de parentes e amigos.
A Prefeitura de Porto Alegre iniciou o processo de fechamento das comportas na manhã de segunda, quando o nível do Guaíba atingiu 3,04 metros, acima da cota de inundação, de 3 metros. No final da tarde de segunda, a medição já apontava para 3,30 metros.
De acordo com a MetSul Meteorologia, a marca de 3,30 metros, atingida no final da tarde desta segunda, já representa a maior cheia desde 1941.
A marca supera duas grandes cheias: a de setembro último (3,18 metros) e a de setembro de 1967 (3,13 metros). A maior cheia continua sendo a de 1941, com 4,76 metros.
No final da manhã desta terça, o nível estava em 3,43 metros.
As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a última quarta (15) já deixaram 63 feridos, 2.653 desabrigados e 7.527 desalojados.
Quatro pessoas morreram em decorrência das chuvas no etsado, nas cidades de Giruá, Gramado e Vila Flores.
CATARINA SCORTECCI / Folhapress