Condomínios em Porto Alegre e Canoas contratam patrulhas para evitar roubos em bairros alagados

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moradores de Porto Alegre e de Canoas (na região metropolitana da capital) estão contratando seguranças particulares em barcos para vigiarem condomínios abandonados devido às enchentes que causaram mais de 100 mortes no Rio Grande do Sul.

O secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, afirmou que a situação de “catástrofe” dificulta a contabilização dos roubos, mas que 30 pessoas já foram presas por terem aproveitado a situação de calamidade para entrar em residências e comércios para saquear bens.

Rodrigo Lay, sindico profissional, conta que cinco dos prédios que administra na capital gaúcha estão alagados. O edifício Solar Verona, no bairro de Azenha, foi um dos dois condomínios que precisaram ser totalmente evacuados devido ao nível das águas.

“A água chegou a dois metros. Ontem tiramos o último morador. Foram voluntários que fizeram o resgate, pessoas que tinham barco”, diz. Cerca de 40 pessoas deixaram seu apartamento e foram a casas de amigos e familiares em outras regiões ou cidades que não foram tomadas pela alta do rio, segundo Lay. A partir daí, a preocupação se voltou para o que foi deixado para trás.

Apesar do condomínio Solar Verona não ter sofrido com tentativas de saque, houve relatos de crimes nas proximidades. Bombeiros, helicópteros e equipes de resgate movimentam durante o dia, mas o medo vem com o cair da noite. As rondas acontecem durante a madrugada, das 19 às 7h, período em que as zonas alagadas ficam desertas e acontecem a maior parte dos roubos, segundo Lay.

“Estamos usando uma série de medidas artesanais [para a segurança], como colocar correntes nos portões”, diz. “Não tem energia elétrica e água nos bairros. Estão fazendo saques de barco.”

Os agentes privados não trabalham armados, e cada turno custa R$ 1.500. Noite adentro, vigiam a entrada do edifício com lanternas e apitos. Se há alguma ocorrência, acionam a polícia. É o que explica Thiago Moraginski, representante da empresa de portarias FNX, que está prestando o serviço aos condomínios administrados por Lay.

Além do Solar Verona, a empresa está fazendo escolta náutica para outros quatro condomínios em Porto Alegre, incluindo 20 prédios construídos através do programa Minha Casa, Minha Vida, e dez em Canoas -onde todos sofreram alguma tentativa de saque antes de contratar o serviço, segundo Moraginski.

“A polícia não tem tantos barcos para estar em tantos bairros. Tá caótico”, diz. Ele afirma que as naves foram compradas para a emergência e que estão sendo usadas também para resgatar moradores de suas casas.

Se a situação é de calamidade, Moraginski confessa temer também a baixa das águas. “Vai ser pior. Além da sujeira para limpar, hoje estão precisando roubar de barco”, diz. Com a liberação dos acessos por terra e a precariedade estrutural dos bairros após o desastre, ele teme pelo aumento da criminalidade.

Até quarta-feira (8), a CNM (Confederação Nacional dos Municípios) registrou um impacto das chuvas em 61,4 mil habitações no Rio Grande do Sul, sendo 55,2 mil danificadas e 6.200 destruídas. Os prejuízos financeiros são calculados em R$ 6,3 bilhões, sendo o maior montante, de R$ 3,4 bilhões, referente aos danos em habitações.

ALESSANDRA MONTERASTELLI / Folhapress

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