SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Conib (Confederação Israelita do Brasil) criticou, em nota divulgada nesta quarta-feira (29), a decisão do governo Lula (PT) de nomear o diplomata Frederico Meyer para o cargo de representante do Brasil junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra, na Suíça, retirando-o assim oficialmente do posto de embaixador do Brasil em Israel. A decisão está no Diário Oficial da União desta quarta-feira (29)
“A Conib lamenta a retirada do embaixador brasileiro em Israel em momento tão importante e o impacto dessa medida nas relações bilaterais”, afirma a nota.
“Os dois países têm uma rica história de cooperação e afeto, iniciada desde a aprovação da partilha da Palestina pela ONU, em 1947, em votação na Assembleia Geral da organização conduzida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Desde então, as relações prosperaram e os laços entre os países se fortaleceram em benefício mútuo de seus povos”, continua.
Em sua conclusão, a nota afirma que a medida “nos afasta da tradição diplomática brasileira de equilíbrio e busca de diálogo e impede que o Brasil exerça seu almejado papel de mediador e protagonista no Oriente Médio”.
Meyer ocupava o posto de embaixador em Tel Aviv até fevereiro deste ano, quando voltou ao Brasil após uma crise diplomática entre os países. Não há substituto designado até o momento.
Naquele mês, Lula afirmou em viagem à Etiópia que a ofensiva de Israel em Gaza após os atentados terroristas do Hamas se assemelhava ao que Adolf Hitler fez quando “resolveu matar os judeus”.
No mesmo dia, o chanceler israelense, Israel Katz, convocou Meyer a dar explicações sobre a fala de Lula. O encontro estava inicialmente previsto para ocorrer na sede do ministério de Relações Exteriores, na tarde do dia seguinte.
Na manhã do dia da reunião, o governo israelense mudou o local da reunião para o Yad Vashem, mais importante memorial sobre o Holocausto.
No local escolhido, Katz falou a Meyer que Lula é “persona non grata em Israel até que retire o que disse”. O chanceler israelense, porém, expressou-se em hebraico, língua que o brasileiro não fala.
Assim, Meyer só foi se inteirar sobre o que havia sido dito sobre Lula depois. Em resposta, o Itamaraty chamou o embaixador de volta ao Brasil para consultas e convocou o representante israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para dar explicações.
No último fim de semana, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou em viagem a Pequim que Meyer não voltaria a ocupar o cargo de embaixador do país em Israel.
GUILHERME SETO / Folhapress