SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sentimos alegria quando coisas boas acontecem e podemos brincar com um amigo, por exemplo. A tristeza aparece se precisamos dizer adeus a alguém que foi morar longe ou quando chegou a hora de nos desfazer de algum brinquedo. O medo surge quando achamos que estamos em perigo. Algumas crianças têm muito medo de monstros no escuro.
Já a raiva é uma emoção que nos deixa bravos quando alguém nos incomoda. Também podemos sentir nojo se sentimos o cheiro de alguma comida estragada. A vida da gente, em resumo, é cheia de sentimentos diferentes.
O filme “Divertida Mente”, lançado em 2015, traz as personagens Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho como emoções que habitam a cabeça da menina Riley. Essa equipe trabalha em uma mesa cheia de botões coloridos e comandos, mostrando o que acontece quando ela tem sentimentos, sonhos e lembranças.
Na continuação da animação, que chegou aos cinemas nesta quinta-feira, uma nova figura aparece: a Ansiedade, um ser estranho de pele laranja, cabelo arrepiado e olhos arregalados. Descabelada, ela chega com os dois pés na porta, carregando muitas bagagens.
Mas você sabe o que é ansiedade?
Ela é um sentimento que costuma surgir sem avisar e traz uma mistura de sensações dentro do nosso corpo. Ela pode dar um friozinho na barriga, nos fazer suar, ter dor de cabeça, não conseguir dormir direito e dar um aperto no peito. Às vezes, dá até vontade de roer as unhas. Você já sentiu alguma coisa parecida?
“As mãos podem ficar muito geladas e as pernas trêmulas. Dependendo da situação, é como se a voz ficasse presa na garganta”, diz a psicóloga Francilene Torraca, que também escreveu um livro sobre esse assunto, chamado “A Ansiedade de Martin” (ed. Literare).
É um medo muito grande que pode até paralisar, afirma a autora. Isso pode acontecer no dia a dia, como em situações vividas na rotina pelo personagem do livro, Martin, uma criança que convive com a ansiedade e os seus desafios.
O garoto tem dificuldades para expressar o que sente quando está com medo ou vergonha. Na pracinha, o escorregador parece tão medonho, que ele até acha que encolheu de tamanho. Quando precisa cumprimentar alguém, chora por não se sentir confortável ao falar.
DÁ PARA LIDAR COM ESSE MEDO TODO?
Luciene Mattioli, que também é psicóloga e trabalha como orientadora do ensino fundamental e anos iniciais, diz que todas as pessoas, sejam elas adultos ou crianças, passam por situações de ansiedade, e senti-la até certo grau é normal e saudável.
MAS COMO É QUE ALGO COMO A ANSIEDADE PODE SER ALGO BOM?
“A ansiedade pode ser positiva quando nos ajuda a ganhar uma corrida, quando estamos mais atentos para fazer uma prova, quando vamos encontrar uma pessoa querida que há muito tempo não vemos ou estamos em vésperas de aniversário ou viagem”, conta. Mas se durar longos períodos de tempo, aí pode alterar o nosso comportamento e até atrapalhar.
Para ela, as crianças sentem o desconforto, mas é difícil defini-lo ou nomeá-lo. “Existem alguns sinais que podem ajudar a identificar uma situação de ansiedade: estar mais irritado e chorosa que o normal, ter dificuldade para pegar no sono, acordar mais vezes que o normal durante a noite, voltar a chupar o dedo, fazer xixi nas calças, ter pesadelos frequentes, roer unhas ou ter tiques”, explica.
As psicólogas também destacam que cada criança é única, e que a ansiedade pode se manifestar de diferentes maneiras, dependendo da personalidade, idade e das experiências passadas.
MAS FIQUE TRANQUILO. EXISTEM FORMAS DE LIDAR COM ELA
Algumas técnicas, como respirar fundo e devagar, contando objetos, os dedos na mão ou até o número dez, já dão uma baita ajuda. Escutar histórias ou músicas auxilia a prestar atenção no momento presente, reduzindo o estresse. Se estiver com a família ou professores, a dica é conversar com alguém em quem você confie e se sinta confortável para explicar o que sente.
“A gente precisa criar momentos de diálogo”, afirma Francilene Torraca, do livro “A Ansiedade de Martin”, que dá algumas dicas para os adultos.
Se você estiver muito nervoso, está tudo bem esperar um pouco para falar sobre o que está sentindo. É importante respirar para se acalmar e, então, conseguir pensar e explicar o que aconteceu.
GABRIELE KOGA / Folhapress