Congonhas e Santos Dumont estão entre os aeroportos mais pontuais do mundo, diz consultoria

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont, responsáveis pela ponte aérea entre São Paulo e Rio de Janeiro, foram apontados como os mais pontuais do mundo no mês passado em suas categorias. O estudo foi realizado pela Cirium, consultoria internacional que faz análise de dados de aviação.

Congonhas e Santos Dumont lideram as estatísticas que avaliam grandes e médios aeroportos, respectivamente.

O Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, é o segundo colocado no ranking dos globais, ou seja, que operam embarques e desembarques internacionais.

Com 88,25% de pontualidade nos voos, Congonhas ficou à frente do aeroporto de New Chitose, no Japão, que teve um índice de 86,25%.

O Santos Dumont teve o maior índice de pontualidade entre os brasileiros citados nos rankings da Cirium, com 94,28% de pontualidade.

A estatal Infraero, responsável pela gestão do aeroporto carioca, diz que além da eficiência em processos (sistemas de check-in, equipamentos como escadas rolantes, elevadores, canais de inspeção e pontes, entre outros), o embarque digital por biometria contribui para um fluxo mais rápido, o que evita atrasos.

O ranking entre os dez mas bem colocados entre aeroportos médios tem Brasília na terceira colocação (92,88%) e Viracopos (Campinas), em sexto lugar, com 86,41% de pontualidade.

A análise mensal, divulgada no último dia 10 de julho, conta ainda com aeroportos apontados como pequenos e o Afonso Pena, de Curitiba, é o segundo colocado, com 91,42% de pontualidade.

Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, afirma que de alguns anos para cá os aeroportos brasileiros vêm registrando alto índice de pontualidade, principalmente pelos investimentos que ocorreram no setor por causa das concessões à iniciativa privada.

Ele cita Brasília que pode operar duas pistas simultaneamente —ranking elaborado pela AirHelp, empresa voltada para os direitos dos passageiros e indenizações de voos, e divulgado na semana passada, apontou que o aeroporto da capital federal é o quinto melhor do mundo

O especialista também credita aos percentuais elevados a integração entre aeroportos e companhias aéreas. “É um trabalho em conjunto”, afirma o especialista. “Isso cria uma malha nacional integrada que evita atrasos em cascata, porque um aeroporto influencia o outro.”

Segundo ele, a organização para se evitar atrasos vai do trânsito no entorno do aeroporto, estacionamento, operação de check-in e o trabalho da torre de controle.

A integração com companhias aéreas tem a análise em tempo real dos horários de partidas e chegadas em Congonhas, aeroporto na zona sul paulistana, que desde outubro do ano passado é operado sob concessão pela Aena Brasil.

“Estamos muito focados na análise de dados e gráficos de pontualidade, que são levados às companhias aéreas, à Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] e para quem faz o gerenciamento de navegação”, afirma Michael Cabral, gerente de Gabinete da Aena em Congonhas. “Isso ajuda a criar um ambiente mais científico.”

O aeroporto da capital paulista, que em 2023 não aparecia na lista dos 20 mais pontuais na sua categoria e ficou na segunda colocação desse ranking em maio, tem uma operação complexa, com até 44 voos por hora e uma média de 544 operações por dia.

Além de estudos, na prática Cabral afirma que há realocação na posição de aeronaves, gerenciamento dos ônibus que levam os passageiros até os aviões e de empresas de suporte, como de abastecimento, para evitar atrasos.

A dificuldade, afirma, vai ser manter o percentual com as obras de modernização previstas para começar em 2025, com o aeroporto funcionando —por contrato, a concessionária terá até junho de 2028 para, entre outros, construir um novo terminal e mudar de lugar as 12 pontes de embarque (além de ampliar o número atual para ao menos 20).

No caso do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com cerca de 770 voos diários para cem destinos diretos, a concessionária Gru Airport afirma que há um monitoramento constante das operações de embarque e desembarque e para garantir eficiência das aeronaves no pátio de manobras.

David Goldberg, diretor da divisão de infraestrutura da empresa Alvarez & Marsal e um dos responsáveis pelo estudo de viabilidade da licitação do bloco com 11 aeroportos, que incluiu Congonhas, diz que colabora para a pontualidade o fato de as companhias aéreas marcarem o tempo total de voo com folga. “Acabam chegando antes e, assim, há uma gordura [de tempo] para a partida posterior”, afirma.

FÁBIO PESCARINI / Folhapress

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