RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A atacante Debinha, 31, teve participação decisiva com duas assistências na vitória contra o Panamá, por 4 a 0, na estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo feminina.
Artilheira na era Pia Sundhage, com 27 gols, ela entrou na lista de 14 indicadas para melhor do planeta no ano passado.
Antes da Copa do Mundo de 2019, Debinha não era nem titular. Ganhou a chance de começar entre as 11 naquele Mundial por conta de uma lesão de Marta, que tirou a camisa 10 da estreia. Acabou sendo um dos maiores destaques do Brasil jogando pela ponta, mesmo sem ter feito nenhum gol.
Com Pia, Debinha passou a jogar mais perto do gol. Tem liberdade para flutuar no ataque, mas com um diferencial: está sempre pisando na área.
Se antes pecava na finalização e na tomada de decisão, hoje ela se tornou uma jogadora mais objetiva e passou a contribuir mais defensivamente. Com esses ajustes, a camisa 9 tira proveito dos seus dribles e contribui para melhora do jogo coletivo na seleção brasileira.
Nesta segunda (24), foi responsável pelos cruzamentos do primeiro e do terceiro gol, com participação de Ary Borges.
O misto de habilidade e velocidade remete à característica de Ronaldinho, um de seus ídolos -e, por que não, ao perfil de outro modelo para esta mineira de Brazópolis, o piloto Ayrton Senna (1960-1994).
A sem-cerimônia vem desde a época em que ela articulou a criação de uma equipe feminina de futsal em seu colégio, aos 13 anos. “Eu e mais quatro sabíamos jogar. As outras não curtiam muito, mas eram nossas amigas”, contou à Folha em 2019.
Pouco antes, Debinha chegou a integrar um time juvenil misto, no qual se destacou. Resultado: na edição seguinte, as formações com garotos e garotas foram proibidas.
Aos 14, ela passou na peneira do Santos, mas não quis cruzar a divisa estadual sozinha. A mudança acabaria ocorrendo no ano seguinte, quando ela se juntou ao elenco do Saad em Águas de Lindoia (SP).
Do Saad ela pulou para Portuguesa, Centro Olímpico (SP), São José dos Campos e, a partir de 2013, para Noruega, China e finalmente Estados Unidos, palco de uma das ligas de futebol feminino mais fortes do mundo.
“Minha mãe sempre pegava no meu pé”, lembra a atacante, que defendeu o North Carolina Courage de 2017 a 2022 e assinou com o Kansas City Current em janeiro deste ano.
Nas horas de lazer, Debinha tem na solidão do skate um de seus passatempos preferidos.
RAFAEL CAPANEMA / Folhapress