SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Primeira sul-coreana a ganhar o Nobel de Literatura, nesta quinta, Han Kang foi laureada pela sua “prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”, segundo a Academia Sueca.
Sua obra é vasta com ao menos 17 trabalhos publicados em coreano e três traduzidos para o português pela editora Todavia e transita entre vários gêneros, como poesia, romance, conto e novela.
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A Vegetariana (2018)
Primeira obra da autora a chegar ao Brasil, depois de arrematar o prêmio Booker Internacional em 2016, “A Vegetariana” narra a história de Yeong-hye, que decide deixar de comer, cozinhar e servir carne depois de um sonho.
Ela recusa, também, relações sexuais com seu marido. Sua decisão é tida como uma subversão pela família, que rompe violentamente com ela depois de tentar forçá-la a comer carne.
O livro, publicado originalmente em 2007, se tornou um filme sob o mesmo título dois anos depois.
Atos Humanos (2021)
Sete anos e cinco obras depois de “A Vegetariana”, Han Kang publica o livro “Atos Humanos”, o segundo a ser traduzido no Brasil, em 2021.
É um trabalho baseado na história real de um massacre de estudantes pró-democracia reprimidos pelo Exército coreano em Gwanju, cidade natal da autora, em 1980.
O livro trabalha com a dor e a memória do trauma, passeando entre vivos e mortos, entre corpo e espírito. No primeiro capítulo, um dos sobreviventes, Dongho, de 15 anos, busca seu melhor amigo entre os corpos dispostos em um ginásio. No seguinte, os espíritos dos mortos assistem à putrefação dos corpos amontoados.
O Livro Branco (2023)
Escrito parcialmente em Varsóvia, na Polônia, durante uma residência literária, “O Livro Branco” foi o terceiro romance de Han Kang a ser traduzido no Brasil, em 2023. Na Coreia do Sul, foi lançado em 2016.
A experiência na cidade devastada pela guerra, em meio aos destroços conservados e os prédios novos, serve de costura para uma narrativa biográfica em que a autora revela ter uma irmã morta, que nasceu anos antes dela e viveu por apenas duas horas. O branco da neve polonesa é também o branco do luto de algumas culturas da Ásia.
Tudo isso é fio condutor para que Han Kang teça um comentário firme sobre a violência política na Coreia do Sul, em idas e vindas sobre o processo da escrita.
We Do Not Part (2021)
O livro mais recente da autora, publicado em coreano em 2021 e traduzido para o inglês agora, “We Do Not Part” é sobre a amizade entre duas mulheres. O livro sai em 2025 nos Estados Unidos e no Brasil, também pela Todavia.
Inseon sofre um acidente e pede que a amiga Kyungha a visite e vá à ilha de Jeju para salvar seu pássaro de estimação. Quando a mulher chega à ilha, uma tempestade de neve dificulta o trajeto até a casa da amiga.
I Put the Evening in The Drawer (2013)
Único livro de poesia de Kang, apesar de a autora ter estreado neste gênero em uma revista literária em 1993, não teve tradução para o inglês ou português. É uma celebração de 20 anos de carreira, com 60 poemas reunidos de diversos momentos de sua obra.
BÁRBARA BLUM E WALTER PORTO / Folhapress