SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Conselho de Segurança das Nações Unidas voltou a manifestar preocupação com a crise humanitária na Faixa de Gaza e cobrou de Israel mais medidas para entregar ajuda à população palestina diante de um cenário de “fome iminente”.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (11), o conselho diz ter tomado nota da promessa feita por Tel Aviv de reabrir a passagem de Erez, no norte de Gaza, e de retomar o uso do porto de Ashdod, no sul israelense, para o envio de suprimentos ao território palestino. “Mas [o conselho] enfatiza que mais precisa ser feito para levar a ajuda humanitária diante da magnitude das necessidades em Gaza”.
Os membros do Conselho expressaram “profunda preocupação com o custo humano do conflito, a situação humanitária catastrófica e a ameaça de fome iminente” e pediram “a remoção imediata de todos os obstáculos à entrega de ajuda humanitária” à população civil.
Na semana passada, após pressão de Washington, Israel anunciou a reabertura das passagens para o envio de ajuda a Gaza. Horas antes, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, havia conversado com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu –o americano condicionou o apoio a Tel Aviv a uma mudança de postura do aliado na guerra, o que incluiria cessar-fogo, proteção dos civis e combate à crise humanitária.
Mas a reabertura das passagens anunciada por Israel ainda não foi implementada. O ministro da Defesa do país, Yoav Gallant, disse ao conselho na quarta (10) que as medidas estavam em fase preparação.
O conselho também enfatizou a necessidade de uma “investigação completa, transparente e minuciosa” sobre a morte de sete trabalhadores humanitários da ONG World Central Kitchen em um ataque do Exército israelense no início de abril. Também condenou a morte de pelo menos 224 trabalhadores humanitários desde o início do conflito em Gaza, bem como “toda a violência e hostilidades contra civis”.
Em março, o conselho da ONU aprovou pela primeira vez uma resolução que demanda um cessar-fogo imediato na guerra Israel-Hamas. Na prática, porém, o texto tem sido ignorado por Tel Aviv, que mantém as ofensivas contra o território palestino.
Apesar de as resoluções do Conselho de Segurança serem vinculantes –de caráter obrigatório– e abrirem caminho para punições a quem desrespeitá-las, dificilmente Israel sofrerá alguma consequência, avaliam analistas. Isso porque a penalização por uma eventual violação –a aplicação de sanções econômicas, por exemplo– exige aval do órgão, e é esperado que os EUA vetem qualquer medida mais dura.
Redação / Folhapress