Conselho de Segurança da ONU prorroga missão de ajuda à polícia do Haiti

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta segunda-feira (30) a extensão, por ao menos um ano, da missão multinacional de ajuda à polícia do Haiti, país em profunda crise humanitária e ainda parcialmente controlado por gangues armadas.

Em nota, os países que integram o conselho manifestaram “profunda preocupação” com a situação no país caribenho mesmo após o início da operação de ajuda, mencionando a continuidade da violência, a ocorrência de atividades criminosas e o consequente “deslocamento maciço” de milhares de pessoas.

A missão multinacional é liderada pelo Quênia e começou a sair do papel em junho. De acordo com o plano, pelo menos 2.000 integrantes de forças de segurança do país africano deveriam fazer parte da iniciativa, que tem o objetivo de ajudar a polícia local a desidratar as organizações criminosas.

O Brasil, que liderou a Minustah, missão de paz da ONU no Haiti, desta vez não enviou forças ao país, mas se dispôs a ajudar com transporte de forças policiais da região do Caribe para a ilha. Já a Polícia Federal vai oferecer treinamento a integrantes da Polícia Nacional haitiana, que viajarão a Brasília.

Com o novo prazo, a operação de ajuda ficará em vigor pelo menos até 2 de outubro de 2025. Diferentemente da Minustah, a missão atual não conta com os chamados capacetes azuis, as forças para manutenção de paz da ONU. Também assiste à chefia da organização, na figura do português António Guterres, buscar maior distância dos meandros da iniciativa.

Embora o Conselho de Segurança tenha optado pela prorrogação da missão, o órgão vetou que a operação se transforme em uma força de manutenção da paz da ONU. Rússia e China foram os países que votaram contra, a despeito dos esforços feitos pelos Estados Unidos no sentido contrário.

A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que seu país apoia o pedido feito pelo chefe do conselho de transição no Haiti, Edgard Leblanc, em seu discurso na Assembleia-Geral, por mais envolvimento direto das Nações Unidas na operação.

Mas o posicionamento foi rechaçado por Moscou e Pequim. No caso russo, o embaixador adjunto, Dmitri Polianskii, aproveitou a votação para alfinetar o rival geopolítico. “Claramente, não é possível superar a criminalidade apenas com métodos militares. Há necessidade de uma ação resoluta e imediata para combater o contrabando de armas, armas americanas, que invadiram o Haiti”, afirmou ele.

Enquanto isso, a crise no Haiti persiste. Na última sexta, a ONU disse que mais de 3.600 pessoas foram mortas este ano devido à violência de gangues que assola o país. Já o Programa Mundial de Alimentos da ONU disse nesta segunda que metade da população haitiana sofre com fome aguda.

“Enquanto o Haiti continua a lidar com uma crise de segurança significativa, 5,4 milhões de pessoas lutam para alimentar a si mesmas e suas famílias todos os dias, representando uma das maiores proporções de pessoas com insegurança alimentar aguda em qualquer crise no mundo. Destes, dois milhões sofrem com níveis emergenciais de fome, enfrentando escassez extrema de alimentos, desnutrição aguda e altos níveis de doenças”, disse o PMA em nota. A população do Haiti é estimada em 11,4 milhões.

Na semana passada, o presidente do Quênia, William Ruto, prometeu que a mobilização terminaria em janeiro, com o total chegando a 2.500 homens.

Redação / Folhapress

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