Consultor de Lula quer convencê-lo a enterrar Angra 3

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Ex-ministro de Minas e Energia no segundo mandato de Lula, Nelson Hubner tomou posse no conselho de administração da ENBPar na semana passada e já definiu como meta pessoal convencer o presidente da República a desistir da construção de Angra 3.

Principal conselheiro de Lula para energia, Hubner, que no passado convenceu o presidente a levar a obra adiante, agora acha melhor enterrá-la em vez de gastar um dinheirão. A usina é a joia do programa nuclear brasileiro conduzido pela ENBPar e precisará de mais R$ 20 bilhões para ficar pronta.

Hubner avalia que o país não precisa mais de plantas nucleares como mecanismo de segurança energética. Para ele, as hidrelétricas são mais baratas e seguras como suporte para as fontes eólica e solar que, na última década, suplantaram a fonte hidráulica na oferta de carga para o sistema.

Pelos cálculos, em 2028, a carga gerada pelas hidrelétricas representará menos de um terço das usinas eólicas. Hoje, o preço dessa energia gira em torno de R$ 120 o MWh (megawatt-hora).

Nesse cenário, na avaliação de Hubner, é algo insano investir em Angra 3, que entregará o MWh (megawatt-hora) de energia a R$ 750.

O governo colocou a obra como prioritária, mas Hubner insiste que seja abandonada. A iniciativa é uma reviravolta. No passado, ele mesmo convenceu Lula a encampar o projeto como forma de municiar de energia o Sudeste, intensivo em consumo para indústrias.

No passado, a usina foi alvo da Operação Lava Jato. O então presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva chegou a ser condenado a 43 anos de prisão por cobrar propina de empreiteiras para conseguirem licitações e contratos.

O esquema, segundo a Justiça, vigorou entre 2007 e 2014. A obra ficou paralisada por muitos anos. Hoje o projeto está liberado, mas a realidade do sistema elétrico é diferente.

Entre 2007 e 2008, Hubner foi ministro interino de Minas e Energia no segundo mandato de Lula. No ano seguinte, assumiu a diretoria-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Na transição, colaborou com o plano de governo e é um dos conselheiros mais próximos de Lula para energia.

Com Diego Felix

JULIO WIZIACK / Folhapress

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