Contas públicas têm déficit de R$ 38,8 bi em junho e fecham pior 1º semestre desde 2020

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Mesmo com a expansão das receitas federais, as contas do governo central tiveram um déficit de R$ 38,8 bilhões em junho, informou nesta sexta-feira (26) o Tesouro Nacional.

O resultado é menos negativo do que o rombo de R$ 47 bilhões verificado em junho de 2023, em valores atualizados, mas ainda é o 4º pior para o mês na série histórica, iniciada em 1997.

Com isso, o saldo das contas no primeiro semestre foi um déficit de R$ 68,7 bilhões, o pior resultado para o período desde 2020, quando a pandemia de Covid-19 levou a um rombo de R$ 544,1 bilhões nos primeiros seis meses do ano.

As contas do governo central incluem Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social.

Em junho, houve crescimento expressivo da receita líquida (descontadas as transferências para estados e municípios), com alta real de 5,8% ante igual mês de 2023.

Já a despesa subiu 0,3% acima da inflação no mesmo período, mas o resultado é influenciado pela base de comparação. Em 2023, parte do 13º dos aposentados foi paga em junho, enquanto neste ano o repasse foi feito entre abril e maio.

Por causa desse efeito, o gasto com benefícios previdenciários teve uma queda real de 7% em junho. Esse resultado, no entanto, não reflete a dinâmica real da despesa em 2024.

No acumulado do primeiro semestre, a alta foi de 8,7% acima da inflação, chegando a R$ 501,9 bilhões. Em termos absolutos, isso representa uma despesa R$ 40 bilhões maior do que no primeiro semestre de 2023.

Outra despesa que tem crescimento expressivo é o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. Só no mês de junho, o gasto com essa política foi de R$ 9,2 bilhões, uma alta de 16% em relação a igual mês de 2023, já descontada a inflação.

No primeiro semestre, a despesa com o BPC alcançou R$ 54,2 bilhões, um crescimento real de R$ 17,3 bilhões. A diferença em termos absolutos é de R$ 8 bilhões.

Os gastos com benefícios previdenciários e BPC estão na mira do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pretende fazer um pente-fino nessas políticas. O ministro Fernando Haddad (Fazenda) anunciou no início do mês um corte de R$ 25,9 bilhões em gastos obrigatórios para 2025, o que passa pela revisão dos benefícios.

O resultado das contas também é influenciado pelas despesas extras para enfrentar a calamidade no Rio Grande do Sul. O governo federal destinou R$ 1,1 bilhão em despesas primárias em junho para combater os efeitos da tragédia. No semestre, o valor chega a R$ 7,7 bilhões. As cifras não consideram gastos financeiros, para viabilizar linhas de crédito, por exemplo.

IDIANA TOMAZELLI / Folhapress

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