Controlador da Cosan é maior financiador eleitoral pela 4ª campanha seguida

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bilionário Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, é o maior financiador de candidatos e partidos pela quarta eleição consecutiva. Nesta última disputa, o empresário injetou mais de R$ 19 milhões em campanhas distribuídas por 102 cidades.

Os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) referem-se ao primeiro turno. Os candidatos prestaram as contas finais neste mês. Os valores estão sujeitos a erros de digitação e ainda passarão por análise da Justiça Eleitoral.

Ao todo, 189 candidatos foram beneficiados, sendo 72 que pleiteavam uma vaga ao Executivo municipal e 117 ao Legislativo. O atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), recebeu a maior doação de Ometto, de R$ 2 milhões. O valor também é o maior repasse da eleição feita por uma pessoa física.

Fuad conquistou a reeleição no segundo turno contra o deputado estadual Bruno Engler (PL), ao obter 53,73% dos votos válidos contra 46,27%.

O empresário financiou ainda, com valores menores, prefeitos de cidades grandes, como Ricardo Silva (PSD), de Ribeirão Preto, Anderson Farias (PSD), de São José dos Campos, e José Botelho, de Cuiabá (MT), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno.

As doações de Ometto se pulverizaram em diferentes partidos e ideologias. Os valores mais expressivos foram para nomes do PSD.

O somatório recebido pelos postulantes do partido de Gilberto Kassab foi de R$ 8,5 milhões, quantia quase oito vezes maior do que o segundo partido mais beneficiado com as doações do empresário, o PT, com R$ 1,1 milhão.

Dentre os escolhidos de Ometto, 43% venceram as eleições –sendo 36 prefeitos e 45 vereadores. Outros 65 nomes conseguiram uma vaga de suplente.

O empresário também deu recursos diretamente aos partidos. Ao todo, foram R$ 4,3 milhões enviados para as contas das siglas, sendo o MDB e o PSD os maiores beneficiados.

A assessoria de Ometto afirmou à Folha que as doações eleitorais feitas pelo empresário foram “realizadas em caráter pessoal” e que seguiram as regras estabelecidas pelo TSE e demais normas aplicáveis.

O segundo maior doador foi José Ricardo Rezek, fundador do Grupo RZK, que possui empresas atuantes nos setores energético e agrícola. O empresário injetou R$ 6,8 milhões na disputa, abrangendo a campanha de 45 candidatos –sendo um deles Guilherme Boulos (PSOL), que perdeu a eleição para a Prefeitura de São Paulo no segundo turno.

A lista de maiores doadores segue com o empresário do agronegócio Odilio Balbinotti Filho, que financiou campanhas individuais e partidos com R$ 4,7 milhões, e com Alcebiades de Queiroz Barata Filho, do ramo de gestão e administração da propriedade imobiliária, que injetou R$ 3,3 milhões.

As assessorias de Resek e de Odilio informaram que os empresários preferem não se pronunciar sobre o assunto. A reportagem não conseguiu contato com Alcebiades.

Além desses, outros 20 doadores totalizaram mais de R$ 1 milhão de doações.

O campeão de recebimento de doações de pessoas físicas foi o influenciador Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar na disputa da prefeitura paulistana. Segundo dados do TSE, ele recebeu R$ 7,8 milhões de 93,9 mil doadores diferentes.

Como a Folha já mostrou, o autodenominado ex-coach se consolidou como o candidato com maior número de doações individuais no país. Isso porque ele recebeu diversas doações de valores pequenos: foram 6.570 doações de até R$ 1.

Depois do influenciador está Fuad em Belo Horizonte, que recebeu R$ 5,6 milhões, e a deputada federal Tabata Amaral (PSB), que recebeu R$ 2,7 milhões e ficou na quarta posição na disputa do Executivo na capital paulista.

Considerando doações gerais, ou seja, envolvendo envios tanto de pessoas físicas quanto dos partidos, consolidaram-se como os candidatos com campanhas mais caras Boulos, com R$ 81 milhões, Ricardo Nunes (MDB), com R$ 53 milhões, e Alexandre Ramagem (PL), com R$ 26 milhões. Todos disputaram prefeituras, sendo os dois primeiros a da cidade de São Paulo e o último, a do Rio de Janeiro.

Entre os partidos que receberam recursos diretos de doadores, o PSD acumulou R$ 26 milhões, seguido do MDB (R$ 18 milhões) e do PP (R$ 11 milhões).

Os mais bem agraciados com doações também foram os que mais conquistaram prefeituras nas disputas municipais desde ano.

Além das vagas conquistadas, essa vitória também representa um maior controle dos orçamentos municipais no próximo ano. Juntos, o MDB e o PSD controlarão mais de um terço do caixa (38%) das prefeituras brasileiras. Esse valor corresponde a R$ 489 bilhões.

NATÁLIA SANTOS / Folhapress

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