COP em Belém terá hangar com capacidade para Air Force One e aeroporto rotativo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A organização da COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas) que acontecerá no Brasil em 2025, planeja ampliar a base aérea de Belém para que ela tenha capacidade de receber as aeronaves dos principais chefes de estado do mundo.

A ideia é ampliar a sala VIP e o hangar da base, para dar a ela condições de receber aeronaves como o Boeing 747 usado pelo presidente chinês, Xi Jinping, o Ilyushin Il russo, de Vladmir Putin, ou mesmo o Air Force One, dos Estados Unidos.

Aviões de autoridades de menor escalão ou de países com menos exigências terão procedimento diferente.

O plano para os países com protocolo de segurança menos complexo é fazer uma espécie de rodízio: as aeronaves pousariam em Belém, desembarcariam seus passageiros, reabasteceriam, então levantariam voo para outros aeroportos próximos, como Macapá (AP), onde ficariam estacionadas até o momento do retorno.

Organizadores da COP em Belém -membros do governo federal, estadual e também da gestão municipal- trabalham em soluções para receber o evento na cidade, que tem menor capacidade hoteleira e logística do que outras sedes recentes da conferência.

Como mostrou a Folha de S.Paulo em março, as dificuldades logísticas fizeram o governo Lula (PT) cogitar fatiar a reunião e passar parte dos compromissos para cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo.

A ideia, no entanto, não está na mesa neste momento, conforme disseram sob reserva três pessoas envolvidas diretamente nas negociações, em diferentes instâncias.

Neste momento, diz uma delas, o foco é fazer com que seja possível sediar o evento em Belém. Uma série de propostas já foram apresentadas ao presidente Lula.

Também causa apreensão no governo o fato de que o deputado federal e aliado de Jair Bolsonaro (PL) Eder Mauro (PL-PA) liderar pesquisas para prefeitura na capital paraense nas eleições de 2024.

Ele está à frente do atual prefeito, Edmilson Rodrigues (Psol), que no último pleito teve apoio de Lula, e também de Igor Normando (MDB), ex-secretário apoiado pelo atual governador, Helder Barbalho (MDB).

Barbalho se tornou um dos principais aliados de Lula no Brasil -inclusive, cotado para ser vice do petista em 2026-, e a COP é uma das principais bandeiras de ambos.

Mauro, como mostrou a Folha de S.Paulo, não esconde ser bolsonarista, pró-garimpo e anticlima, e vê o evento como uma forma de arrecadar fundos para sua possível prefeitura.

Outro ponto que pode mudar o clima da COP é a possível eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.

Não só pelo republicano ser um notório negacionista do aquecimento global, mas pela possibilidade dele sequer comparecer ao evento -quando comandou os EUA, ele retirou seu país do Acordo de Paris, principal tratado sobre clima do mundo e base das negociações da conferência.

Atualmente, Trump lidera as pesquisas contra o atual presidente Joe Biden, democrata que em 2020 teve o meio ambiente como uma de suas principais bandeiras.

O desempenho de Biden até aqui, inclusive a má performance no primeiro debate entre os dois, faz com que parte de seu partido defenda que ele saia da corrida e dê lugar a outro candidato.

Independente de quem for o eleito neste ano, a organização da COP negocia a ampliação dos hangares da base aérea para receber o Air Force One -e talvez mais de um, já que eventualmente chefes de Estado viajam com duas ou mais aeronaves iguais, por questões de segurança.

Ter onde estacionar o avião é crucial, uma vez que as exigências de segurança dos Estados Unidos demandam que o presidente nunca fique muito distante do seu meio de transporte, para caso de emergência.

Protocolo semelhante existe em casos de países como China e Rússia, e suas respectivas aeronaves.

Para estacionar esses aviões, que no jargão aeronáutico são chamados do tipo “echo”, será necessário ampliar o hangar de estacionamento da base aérea.

Embora ainda não seja possível prever se algum dos líderes dessas superpotências irá a Belém no próximo ano, a avaliação é que a estrutura para recepcioná-los e também para receber outras autoridades que viajam com comitivas numerosas -ou que têm regras de segurança mais complexas- precisa estar pronta.

O número de áreas VIP na base aérea também deve aumentar, de uma para três.

A base aérea de Belém não tem capacidade para estacionar todos os aviões de chefes de Estado e outras autoridades que devem comparecer no evento.

Por isso, aeronaves de países com menor nível de exigência ficarão estacionadas em outros aeroportos próximos, a cerca de duas ou três horas de viagem.

Não está certo quais serão esses locais. Uma das principais possibilidades é Macapá, que fica perto de Belém e cujo aeroporto é administrado pela mesma empresa que gere o da capital paraense.

Os organizadores da COP ainda estudam as melhores alternativas e negociam com as operadoras para fechar qual será a malha necessária para comportar todo o evento.

Chegou-se a estudar a possibilidade de duplicar as pistas de pouso do aeroporto comercial de Belém, para aumentar sua capacidade, mas a opção foi descartada por não haver tempo hábil para a realização da obra.

JOÃO GABRIEL / Folhapress

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