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COP30 cobra maior compromisso de países às vésperas de reunião sobre clima na Alemanha

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A presidência da COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), cobra que os países resgatem o multilateralismo, atualmente em crise, e mudem o tom das negociações internacionais durante a reunião de Bonn, na Alemanha.

Na terceira carta assinada pelo presidente André Corrêa do Lago, divulgada nesta sexta-feira (23), o tema dos combustíveis fósseis é endereçado diretamente pela primeira vez.

A conferência de Bonn é um tradicional evento sobre clima que, em junho de 2025, chega a sua 62ª edição. É uma reunião chave para os países negociadores avançarem nos temas da COP30, que ocorre em Belém (PA), em novembro e dezembro.

“Seria um grande desperdício se o primeiro espaço formal de negociações do ano […] fosse tomado por procrastinação ou adiamento de decisões”, diz o documento.

“A falta de avanço no cumprimento de mandatos acordados erodirá ainda mais a confiança na capacidade do processo multilateral de produzir os resultados que a humanidade precisa”, completa.

O evento em Bonn neste ano terá como tema principal a adaptação climática —conceito que engloba ações voltadas a tornar a vida na Terra mais resiliente aos efeitos do aquecimento global.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, há mundialmente um déficit trilionário no investimento nesta área —que inclui, por exemplo, segurança alimentar ou cidades resilientes. A realidade brasileira não é diferente.

A conferência de Belém, capital do Pará, tem como principal objetivo rever as metas do Acordo de Paris, firmado em 2015, sobretudo à luz do fato de que o mundo já atingiu a marca de 1,5ºC de temperatura acima a era pré-industrial —último marco antes de um colapso ambiental.

A edição no Brasil também herdou de sua antecessora, em Baku (Azerbaijão), a missão de destravar o financiamento climático, principal obstáculo das últimas conferências.

A COP30 precisará elaborar um plano para que os países mobilizem US$ 1,3 trilhão anual (R$ 7,5 trilhões) em recursos para enfrentamento das mudanças climáticas.

Nas duas cartas anteriores divulgadas até aqui, a presidência brasileira foi criticada por não endereçar o tema dos combustíveis fósseis (principal causa do aquecimento global no mundo) ou o distanciamento desta exploração —determinação acordada na COP29.

Neste terceiro documento, o mandato brasileiro afirma que trabalha para a “inaugurar uma nova era de colocar em prática o que já foi acordado”, como o fim do desmatamento ou a efetivação da transição energética.

A presidência brasileira afirma que essas ações são necessárias para que o mundo alcance as metas do Acordo de Paris —conjunto de objetivos pactuados entre os países signatários para a redução de gases de efeito estufa, e que terá sua implementação avaliada na COP.

“Devemos apoiar uns aos outros para avançar coletivamente nas metas de triplicar a capacidade global de energia renovável, dobrar a taxa média global de melhoria da eficiência energética e promover a transição para o afastamento dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de forma justa, ordenada e equitativa”, diz a carta.

É a primeira vez que a COP30 menciona menciona o tema, mas ambientalistas ainda entendem ser pouco.

“A presidência está se movendo na direção certa, especialmente ao vincular isso [as metas do Acordo de Paris] à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e à triplicação das energias renováveis como principais referências de implementação. Mas os sinais políticos por si só não produzirão resultados”, diz Andreas Sieber, Diretor Associado de Políticas e Campanhas Globais da 350.org.

Este é um assunto absolutamente chave do balanço geral do Acordo de Paris e, portanto, esse tema, sim, vai ser tratado em Bonn”, afirmou André Corrêa do Lago, ao ser questionado sobre o assunto.

A carta não faz menção direta à volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, à guerra na Ucrânia, aos ataques de Israel à Palestina ou outros conflitos no mundo, mas afirma que os países precisam resgatar a “credibilidade do processo multilateral”.

“Em lugar de conflito e impasse, a escuta mútua permitirá aproveitar a diversidade de perspectivas para alcançar sofisticação tanto na colaboração quanto nos resultados”, diz a carta, “evitando a todo custo confronto de soma zero”.

As últimas negociações climáticas ficaram marcadas pela recusa dos países ricos em se comprometer financeiramente com as demandas dos países em desenvolvimento, por tensões e posições intransigentes de diversos participantes.

JOÃO GABRIEL / Folhapress

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