Copan passa por inspeção após incêndio; obra é principal hipótese para causa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O edifício Copan, no centro de São Paulo, passou por uma inspeção na manhã desta sexta-feira (4) para identificar as causas do incêndio que atingiu parte de sua estrutura na tarde de quinta (3). A administração do prédio diz que o fogo pode ter começado por causa de alguma reforma em apartamento.

Por enquanto, já se sabe que o incêndio começou em uma junta de dilatação entre os blocos D e E do edifício. A junta é um espaçamento entre placas de concreto, que permite o movimento da estrutura do prédio devido a mudanças de temperatura ocorra sem que elas se encontrem, evitando rachaduras. No caso da junta que pegou fogo, ela é vertical e percorre todos os 32 andares.

O Copan tem juntas de dilatação feitas de papelão, segundo a administração do prédio. O material era usado com frequência para essa finalidade no período em que o prédio foi construído, nas décadas de 1950 e 1960. O Corpo de Bombeiros informou que também foram visualizados pedaços de madeira próximo ao foco do incêndio.

A vistoria, que é particular e contratada pelo próprio condomínio, deve passar pelos apartamentos dos blocos D e E que têm contato com a junta. Segundo o síndico, Affonso Celso, apartamentos que estavam passando por obras nos andares mais atingidos devem receber atenção especial. Até as 14h desta quinta, ainda não havia uma conclusão sobre a causa do incêndio.

“Estamos tentando confirmar se isso começou em algum apartamento que estava passando por reforma. Pode ser que tenha começado com alguma soldagem, e a pessoa nem tenha percebido”, disse o síndico. “Não acreditamos que tenha sido proposital.”

Segundo a tenente Olivia Perrone, porta-voz do Corpo de Bombeiros, as equipes de brigadistas foram chamadas inicialmente para combater um foco de incêndio no 22º andar. Depois foram ao 32º, por onde saía bastante fumaça e, por último, apagaram um foco de calor no 11º.

O incêndio durou cerca de uma hora, e foi controlado por volta das 17h. Ninguém ficou ferido.

TROCA DE MATERIAL NA JUNTA DEPENDE DE PROPRIETÁRIOS

O Copan está com AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) vigente e em situação regular junto aos órgãos de fiscalização, segundo a subprefeitura da Sé.

A legislação municipal passou a exigir apenas em 1974 a construção de saídas de emergência, escadas isoladas de incêndio, sinalização e iluminação de rotas de fuga, além de condicionar alvarás e licenças de funcionamento à fiscalização de segurança.

O Copan foi inaugurado em 1966, oito anos antes do maior incêndio na história da cidade, no edifício Joelma, que impulsionou a reforma no regulamento de prevenção a incêndio. O uso de papelão nas juntas de dilatação não é mais permitido, mas a lei não exige sua retirada de construções antigas.

Segundo o engenheiro civil Roberto Racanicchi, coordenador adjunto do CIES-SP (Colégio de Instituições de Ensino de São Paulo), ligado ao Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), é necessário que os próprios proprietários ou síndicos de prédio identifiquem o problema e tomem iniciativa de trocar o material da junta. Hoje a sustância mais usada são elastômetros feitos de borracha, menos inflamável.

“Os prédios no centro de São Paulo são um barril de pólvora: são encostados um no outro, têm materiais que são antigos, e a manutenção não é periódica, principalmente nas instalações elétricas”, diz Racanicchi. “Alguém precisa ver que aquele material oferece um risco [para que seja trocado. Geralmente você percebe [problemas] na instalação hidráulica, na instalação elétrica. Mas numa junta de dilatação a maior parte das pessoas nunca tinha ouvido falar. Por que você ouviu falar? Porque pegou fogo.”

TULIO KRUSE / Folhapress

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