SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ausência da Esportes da Sortes da lista de casas de apostas com autorização do Ministério da Fazenda para operar no Brasil aumentou a insegurança do Corinthians em relação a sua principal patrocinadora.
Apenas bets credenciadas pelo governo federal podem patrocinar clubes. A empresa afirma que cumpriu todas as exigências da pasta para ser autorizada e vai pedir uma retificação da lista.
O impasse ocorre em meio à investigação por lavagem de dinheiro que tem a casa de apostas como um dos alvos, assim como o Grupo BPX, que detém a VaideBet –ex-patrocinadora do clube paulista, a BetPix365 e a ObaBet.
A investigação é da Polícia Civil de Pernambuco e faz parte do caso que levou à prisão a influenciadora Deolane Bezerra e ao indiciamento do cantor sertanejo Gusttavo Lima.
Desde que as suspeitas foram divulgadas, o presidente corintiano, Augusto Melo, tem sido cobrado no Parque São Jorge para exigir explicações da Esporte da Sorte, além de garantias de que a empresa vai cumprir com seus compromissos com o clube.
Como a operação determinou o bloqueio de contas da Esportes da Sorte, há o temor no Parque São Jorge de que o parceiro possa atrasar ou até não conseguir pagar as parcelas do contrato de patrocínio. O clube da zona leste fechou contrato em julho, em um acordo de R$ 309 milhões com prazo de três anos.
Também há preocupação em relação à promessa da empresa, firmada em contrato, de ajudar o clube a bancar a contratação de um jogador de renome. O escolhido pela equipe foi o holandês Memphis Depay, com passagens por Manchester United, Barcelona e Atlético de Madrid.
Apesar da investigação em andamento, a agremiação alvinegra confia que a patrocinadora vai bancar os R$ 57 milhões do pacote de R$ 70 milhões pela contratação de Depay.
Procurado pela reportagem, o Corinthians afirmou que quaisquer informações a respeito do contrato com a Esporte da Sorte seriam fornecidas pela própria empresa. Também contatada, a casa de apostas não respondeu aos questionamentos até a publicação deste texto.
Quando o contrato com o jogador foi assinado, o trabalho da Polícia Civil de Pernambuco já era público. Embora tenha recebido a sugestão de contratar um seguro parcial ou total para assegurar o pagamento dos salários do holandês, Augusto Melo teria recusado a ideia por orientação do departamento financeiro.
Apesar de não ter uma proteção específica para a contratação do atacante, o Corinthians pode encerrar a parceria com a Esportes da Sorte a qualquer momento em caso de nulidade da concessão ou cassação da licença de operação da empresa.
De acordo com o portal UOL, essa informação consta no artigo 5.2 do contrato, que também prevê que o clube receberia uma multa de R$ 100 milhões, em até 10 dias contados da data de rescisão.
Ainda de acordo com o documento, o clube poderia solicitar o rompimento do acordo sem ônus. Isso porque o contrato possui cláusulas anticorrupção, que incluem medidas antitruste e de prevenção à lavagem de dinheiro.
Em meio à preocupação com o futuro de seu principal contrato de patrocínio, o Corinthians teve uma nova baixa no quadro da diretoria. Na segunda-feira (30), o diretor jurídico Leonardo Pantaleão entregou o seu pedido de demissão, alegando que não tinha autonomia para tomar suas decisões.
Ao falar sobre seu desligamento, ele citou “significativas divergências que, sistematicamente, enfrento em relação à forma como a administração tem sido conduzida”. Ele estava no cargo desde junho.
Após deixar o cargo, Pantaleão aceitou convite para fazer parte da Comissão de Justiça do Conselho Deliberativo do clube, órgão responsável por fiscalizar contratos.
O advogado Vinicius Cascone, que ocupava o cargo de secretário-geral do Corinthians, auxiliar Augusto Melo em suas decisões, foi o escolhido para ser o novo diretor jurídico. É ele agora o responsável por acompanhar os desdobramentos sobre a situação da Esportes da Sorte e o futuro da parceria com o time do Parque São Jorge.
LUCIANO TRINDADE / Folhapress