Corpo da filha de Mike Lynch é resgastado dos destroços de superiate

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As equipes de resgate localizaram o corpo da última passageira que estava desaparecida do naufrágio do superiate de luxo Bayesian, ocorrido na segunda-feira (19). O corpo da estudante Hannah Lynch, de 18 anos, foi retirado dos destroços da embarcação na manhã desta sexta-feira (23).

Ela era filha do empresário de tecnologia Mike Lynch, 59, que realizava uma comemoração no superiate para celebrar a absolvição em julgamento de acusação de fraude. De acordo com a agência italiana de notícias Adnkronos, o corpo foi encontrado dentro do iate.

O empresário também morreu no acidente que vitimou mais cinco pessoas: o advogado Christopher Morvillo e sua esposa Neda Morvillo, o executivo de banco Jonathan Bloomer e sua esposa Judy Bloomer, e o chef de cozinha Recaldo Thomas.

O naufrágio ocorreu na última segunda-feira (19), na costa da Sicília, na Itália, quando o Bayesian estava ancorado no porto de Porticello e foi atingido por uma tromba d’água. O superiate de 56 metros de comprimento estava com 22 pessoas a bordo, sendo 12 tripulantes, com 15 pessoas sendo resgatadas com vida.

O corpo de Recaldo foi encontrado horas depois do acidente. Já outros cinco corpos foram localizados e retirados dos destroços entre quarta-feira (21) e quinta-feira (22).

O NAUFRÁGIO

A viagem no Bayesian havia sido planejada como uma celebração da absolvição de Lynch em um processo que demorou 12 anos. Ele foi inocentado por um tribunal de San Francisco (EUA), em junho deste ano, das acusações de inflar as receitas do grupo de software Autonomy, do qual ele era CEO, na venda da companhia para a HP por US$ 11 bilhões em 2011.

Lynch convidou Morvillo, que foi seu advogado no caso, e Bloomer, presidente do conselho de administração do banco Morgan Stanley International e da seguradora Hiscox, que testemunhou em defesa do empresário no tribunal.

Aos 59 anos, Lynch era um dos empresários mais conhecidos do ramo de tecnologia do Reino Unido e acumulava uma fortuna avaliada em 500 milhões de libras (cerca de R$ 3,5 bilhões), de acordo com a última lista de milionários do jornal Sunday Times.

Apelidado de “Bill Gates do Reino Unido”, Lynch tinha formação em Cambridge, foi condecorado com a Ordem do Império Britânico -honraria para pessoas que contribuíram de alguma forma para a sociedade– pelo trabalho dedicado ao empreendedorismo do país em 2006. Em 2012, fundou o grupo de capital de risco Invoke Capital.

Nos trabalhos de resgate, os mergulhadores usaram drones subaquáticos, que conseguiram acessar parte da embarcação e ajudar na localização dos corpos. De acordo com o Corpo de Bombeiros local, a operação foi “longa e delicada” e envolveu mais de 400 pessoas, incluindo 28 mergulhadores, além de helicóptero, motos aquáticos e dezenas de barcos.

INVESTIGAÇÃO DO NAUFRÁGIO

Uma investigação judicial foi aberta sobre o naufrágio, que deixou perplexos os especialistas navais que dizem que um barco como o Bayesian, construído pelo fabricante italiano de iates de alto padrão Perini, deveria ter resistido à tempestade. Algumas testemunhas afirmarem que o iate afundou rapidamente. Já o CEO da fabricante do superiate afirmou que a embarcação era “absolutamente segura”, que o naufrágio durou 16 minutos e que a tripulação teve tempo para retirar todos os passageiros.

O capitão do iate, James Cutfield, seus oito tripulantes sobreviventes e passageiros foram interrogados pela polícia, mas não fizeram comentários públicos. Os promotores responsáveis pela investigação devem participar de uma entrevista coletiva neste sábado (24).

Em entrevista ao Financial Times, Giovanni Costantino, diretor executivo do The Italian Sea Group, que é dono do Perini Navi, responsável pela fabricação do Bayesian, disse que os gráficos de rastreamento do AIS (Sistema de Identificação Automática) mostram que o naufrágio não foi súbito. “A tortura durou 16 minutos. Ele afundou, não em um minuto como alguns cientistas disseram. Ele afundou em 16 minutos”, afirmou.

Ele também levantou a hipótese de alguma escotilha estar aberta incorretamente, o que teria causado a entrada da água na embarcação. As autoridades italianas e britânicas, que estão investigando as circunstâncias do incidente, ainda não disseram quando o barco foi tomado pela água, se alguma escotilha estava aberta ou se a tripulação ligou o motor e tentou manobrar para sair do perigo.

A Guarda Costeira da Itália informou que mergulhadores não encontraram brechas no casco e o mastro estava intacto. A embarcação -um iate de 540 toneladas, registrado no Reino Unido, projetado por Ron Holland e construído em 2008– estava no fundo do mar (a cerca de 50 m de profundidade) de lado a estibordo.

O Financial Times afirmou que verificou que os dados do AIS são consistentes com os tempos de Costantino, mas não é possível neste estágio comprovar o que pode ter ocorrido durante esse período.

FERNANDO NARAZAKI / Folhapress

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