RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Bombeiros de Roraima encontraram na sexta-feira (7) o corpo da menina indígena de 7 anos morta durante um ataque a tiros na aldeia Parima, dentro da Terra Indígena Yanomami.
Além da morte da criança, o ataque ocorrido na segunda-feira (3) deixou cinco feridos: três crianças –duas atingidas no braço e uma no glúteo– e dois adultos, um deles ferido no tórax e outro no abdômen.
Os feridos foram transferidos para Surucucu e Boa Vista em aeronaves da Marinha e da FAB (Força Aérea Brasileira).
O trabalho de buscas do Corpo de Bombeiros pelo corpo da menina durou três dias, dentro do rio Parima. Quatro mergulhadores participaram da ação, com apoio do Exército, da Marinha e da Polícia Militar de Roraima.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o corpo da criança foi encontrado dentro do rio e entregue à família para os rituais indígenas.
Havia mais de um mês que não eram registrados ataques ou confrontos no território yanomami. Agora, sobe para 15 o total de mortos desde o início da operação de desintrusão.
O último episódio de violência aconteceu no final de abril, nas proximidades de Uxiú, e marcou o ponto de maior tensão desde o início das operações, quando garimpeiros mataram um indígena a tiros e balearam outros dois. Nos dias seguintes, mais nove corpos foram encontrados na região.
O Ministério dos Povos Indígenas divulgou nota na segunda-feira (3) e afirmou que “os agressores se evadiram e a situação está sob controle”.
Ainda não se sabe o que motivou a violência, mas pessoas ouvidas pela Folha sob condição de anonimato dizem que, na última semana, a região foi alvo de uma operação de combate ao garimpo ilegal. Também afirmaram que a aldeia de Parima tem disputas históricas com outras comunidades da área.
A aldeia fica próxima ao batalhão de fronteira de Surucucu, do Exército, e também perto da fronteira com a Venezuela. É mais próximo das regiões fronteiriças que sobrevivem os últimos garimpos ativos dentro do território yanomami.
Pessoas envolvidas nas ações afirmam, sob anonimato, que o perfil de atuação dos garimpeiros se adaptou, com trabalho noturno, acampamentos dentro da mata e até com equipamentos ficando enterrados durante o dia para dificultar a fiscalização.
Segundo essas pessoas, os garimpeiros se entocaram em pontos que ficam até cinco quilômetros dentro da mata e também estão nas regiões de fronteira, o que facilita o escape para outro país, onde as forças de segurança brasileiras não podem atuar.
Neste mês, o governo do presidente Lula (PT) publicou um decreto que autoriza as Forças Armadas a também atuar em atividades de combate à atividade ilícita.
YURI EIRAS / Folhapress